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quinta-feira, 22 de maio de 2014

BRASIL - COPA - PADRÃO FIFA - MILHÕES EM JOGO



De R$ 150 mil a R$ 5 milhões: confira quanto ganha cada craque da seleção brasileira.

Salários da seleção brasileira podem chegar às cifras astronômicas de R$ 5 milhões por mês, mas também há quem ganhe uma quantia mais ‘modesta’, como R$ 150 mil.  

A seleção brasileira vale milhões de reais. No entanto, entre os jogadores, o abismo econômico pode ser enorme. O salário mensal de Neymar, o mais bem pago, poderia quitar quase três anos dos vencimentos de Jô, o atleta que recebe menos. Vale lembrar que este é o valor do contrato de trabalho dos atletas, que, além disso, ainda recebem direitos de imagem, contratos publicitários e até premiações por desempenho - o tradicional 'bicho'. Confira quanto é o salário de cada um dos membros da ‘Família Scolari’

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Comentários:

E OS TROXAS AQUI FORA QUEBRANDO A CIDADE AS COISAS E FAZENDO PROTESTOS enquanto os jogadores tem vida mansa ,vida rica e mulheres e tec..
O BRASILEIRO DEIXA DE SER BOBO ...NUM VAI SAIR POR AI QUEBRANDO TUDO NAÕ QUE NÃO VAI ADIANTAR NADA ,VAI TER COPA  E O BRASIL VAI SE **** NELA
A NOSSA SAUDE UMA **** ESCOLAS UMA **** E NAO ADIANTA SAIR QUEBRANDO TUDO NÃO VIU!!
ACORDEM BOBOS...ACORDEM...

anny garcia
16/mai 19:07
enquanto os brasileiros trabalham feito escravos ,pega ônibus lotado, etc...
os jogadores ganha milhões,  por mês pra gente trabalhar o mês todinho para receber um salario minimo que não dar nem pra sustentar a sua família em que pais nosso vivemos?

paulo180
16/mai 20:18
isto é um lembrete p/os outras q adquirirão ingresso p/ a copa do mundo não precisa fazer passeata e so não comprar ingresso p/ a copa deixa os estádios vazios

Lindiano
17/mai 00:33
Vamos ser otimistas, pensar como pessoas civilizadas, a quanto tempo nós vivemos como um bocado de carneirinhos aceitando tudo e calados, agora só porque vamos ter uma Copa temos que sair quebrando tudo, acho isso uma grande palhaçada, vamos procurar sabedoria para reivindicarmos os nossos direitos sem atingir o nosso próximo. Outubro vem aí não vamos nos vender, vamos sim dar a resposta certa na hora certa.

GRANDE COISA. AS MULHERES TÊM BEBÈS.
17/mai 23:25
TEMOS O "TETO" DO GIGANTESCO SALÁRIO MÍNIMO QUE A MAIORIA DOS CONSTRUTORES DO BRASIL GANHAM. COM ESTE EXORBITANTE SALÁRIO, PAGAM ALUGUEL, ALIMENTAÇÃO, CONTAS DOMICILIARES, ENTRE OUTRAS E AINDA SOBRA PARA COLOCAR NA POUPANÇA.
JÁ OS POBRES JOGADORES DE FUTEBOL GANHAM MUITO POUCO E NÃO CONSEGUEM SOBREVIVER. NOS ESTADOS UNIDOS, OS ATLETAS PRECISAM ENTRAR PARA UNIVERSIDADES PARA TORNAREM-SE ATLETAS MILIONÁRIOS. NO BRASIL, ELES FOGEM DA ESCOLA PARA SE TORNAREM ATLETAS MILIONÁRIOS. OS SALÁRIOS ASTRONÔMICOS PAGOS PARA ESSES JOGADORES SÃO IRREAIS. QUANTO DEVE GANHAR UM CIENTISTA QUE ESTUDA A CURA DA AIDS E DO CÂNCER ? SERÁ QUE OS JOGADORES DE FUTEBOL SÃO MELHORES DO QUE ELES ? A MAIORIA SÃO QUASE ANALFABETOS. O CLUBE É A EMPRESA, OS JOGADORES SÃO OS PEÕES MAIS BEM PAGOS DO MUNDO E O PÚBLICO SÃO OS CONSUMIDORES INCAUTOS QUE DEIXAM DE COMER PARA MANTER OS SALÁRIOS ABSURDOS PAGOS AOS NEYMARES DA VIDA ENTRE OUTROS. ESTÁ TUDO ERRADO E INCOERENTE. OS POLÍTICOS GANHAM  HORRORES, ROUBAM E SÃO PROTEGIDOS PELA LEI, PORÉM SE UM POBRE PEGUE UM PÃOZINHO EMPRESTADO EM UMA PADARIA É PRESO COMO UM GRANDE LADRÃO. O FUTEBOL É A MAIOR RELIGIÃO DO MUNDO. AONDE ESTÁ O DÍZIMO DESTES JOGADORES PARA A POPULAÇÃO CARENTE ? DEPOIS QUE JOGADORES DE FUTEBOL COMEÇARAM A CONTAR DINHEIRO, ESTA RELIGIÃO SÓ É SEGUIDA PELOS BURROS FANÁTICOS. DEVERIA HAVER UM TETO PARA OS MELHORES JOGADORES DE FUTEBOL E OUTROS ESPORTES QUE PAGAM SALÁRIOS MILIONÁRIOS, NÃO ESTE ABSURDO QUE RECEBEM APESAR DA CRISE MUNDIAL. E OS PROFESSORES, POLICIAIS, MÉDICOS, ETC QUE TEM QUE TRABALHAR O DOBRO DO NORMAL E MESMO ASSIM NÃO TEM UMA VIDA DIGNA.

angelo sombra
17/mai 15:07
GOSTARIA DE SABER SE ALGUNS DELES TEM CORAGEM DE ENVIAR PELO MENOS 1% DE SEU SALÁRIO PARA  A ÁFRICA OU PARA O NORDESTE DO BRASIL?

julio do Mato
17/mai 11:39
A vergonha é uma pequena parte do nosso povo apelar para o vandalismo e vilência nas manifestaçoes, mostrando para o mundo a ALIENAÇÃO POLÍTICA  desses jovens. Vamos mostrar na COPA, a cultura maravilhosa que temos e deixar os protestos para ser mostrado nas ELEIÇÕES DE OUTUBRO.

Luiz Paulo Calixto
17/mai 17:43
esses que não tem o que fazer querendo chamar a atenção dos outros países como se eles estivessem interessados e nos ajudar ,nossa resposta não é quebrando aquilo que não é nosso aquilo que os comerciantes conseguiram com trabalho como todo brasileiro com luta ,enfim nossa resposta para esses políticos corruptos é ir para as ruas para  parar o Brasil nos dias das eleições,

flutist791
17/mai 10:58
ACHO QUE NÃO DEVERIAM SAIR QUEBRANDO TUDO NÃO, TEM GENTE HONESTA QUE TRABALHOU MUITO PARA TER O COMÉRCIO E AGORA ESTÁ SENDO SAQUEADO EM PROTESTOS. AS CASAS DE PAULO MALUF, DELÚBIO, DILMA, MARCOS VALÉRIO, JOSÉ DIRCEU, E OUTROS TANTOS É QUE DEVERIAM SER SAQUEADAS, PICHADAS, POIS ESTES SIM MERECEM, POIS SÃO ENGANADORES DO POVO.

Gildo45
17/mai 12:26
Esse é o Pais da desingualdade.

SAO BORJA
17/mai 11:27
REALMENTE NAO ADIANTA QUEBRAR NADA ,Q E PUBLICO  DE TODOS  RICOS A POBRES .
TEM SIM Q NAO IR MAIS POR UM BOM TEMPO,NOS ESTADIOS BOICOTAR TODOS OS TIMES AI TEM Q CAIR OS PREÇOS DOS INGRESSOS. E AUTOMATICAMENTE TEM Q CAIR ESSES SALARIOS ABSURDOS Q GANHAM ESSES JOGADORES. E APROVEITANDO TEMOS Q NAO VOTAR MAIS NESSES POLITICOS Q ESTAO A ANOS NO PODER ESSAS COBRAS DE SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS . E LEMBRESEN    A FIFA E UMA ORGANIZAÇAO MAFIOSA ,ELA PASSA POR CIMA DE UM PAIS  EX NO BRASIL E PROIBIDO VENDER BEBIDA ALCOOLICA  E LIBERAM QUAL MARCA DE CERVEJA ? DA MESMA EMPRESA Q DERRUBOU O DUNGA!

Moacir Silva
17/mai 18:11
Povo brasileiro lembre- se que eles não tem culpa pelos salarios astronomicos são nos que bancamos tudo isso,não se esquessa!!!!!!
Alem do mais na historia do brasil ate hoje e o povo que e culpado pelas distorções sociais.

didimo silva
17/mai 23:51
Quanta putaria. E é o povo que se matam uns aos outros fora do estádios que pagam essa pouca vergonha. Me digam para que uma única pessoa como esse cara precisa de 5 milhões de reais para viver. Todo brasileiro tá contra a copa mas os ingressos esgotaram num estalar de dedos. Com mega salários destes ainda tem voluntários " otários" para trabalhar de graça na copa. ha ha hahaha....

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Os valores:

Jô – atacante (Atlético-MG) = R$ 150 mil X 12 = R$ 1.800.000
Victor - goleiro (Atlético-MG) = $ 235 mil
Jefferson - goleiro (Botafogo) = R$ 250 mil
Alan Kardec – atacante (São Paulo) = R$ 300 mil
David Luiz - zagueiro (Chelsea) = R$ 418 mil
Oscar – meia (Chelsea) = R$ 475 mil
Júlio César - goleiro (Toronto FC) = R$ 530 mil
Diego Cavalieri – goleiro (Fluminense) = R$ 600 mil
Daniel Alves - lateral direito (Barcelona) = R$ 600 mil
Willian – meia-atacante (Chelsea) = R$ 625 mil
Ramires - volante (Chelsea) = R$ 656 mil
Luiz Gustavo - volante (Bayern de Munique) = R$ 660 mil
Fred – atacante (Fluminense) = R$ 750 mil
Lucas Leiva – volante (Liverpool) = R$ 775 mil
Hernanes - volante (Inter de Milão) = R$ 800 mil
Marcelo - lateral esquerdo (Real Madrid) = R$ 830 mil
Dante - zagueiro (Bayern de Munique) = R$ 960 mil
Paulinho - volante (Tottenham) = R$ 1 milhão
Lucas – meia-atacante (Paris Saint-Germain) = R$ 1,04 milhão
Maxwell - lateral esquerdo (Paris Saint-Germain) = R$ 1,08 milhão
Bernard – atacante (Shakhtar Donetsk) = R$ 1,1 milhão
Miranda – zagueiro (Atlético de Madri) = R$ 1,16 milhão
Filipe Luis – lateral esquerdo (Atlético de Madri) = R$ 1,16 milhão
Fernandinho - volante (Manchester City) = R$ 1,2 milhões
Maicon - lateral direito (Roma) = R$ 1,225 milhões
Rafinha – lateral direito (Bayern de Munique) = R$ 1,375 milhão
Hulk – atacante (Zenit) = R$ 2 milhões
Thiago Silva - zagueiro (Paris Saint-Germain) = R$ 3,2 milhões
Neymar – atacante (Barcelona) = R$ 5 milhões X 12 = R$ 60.000.000
Henrique - zagueiro (Napoli) =

16/05/2014



+ comentários:

            Os seis jogadores que jogam em times brasileiros são os que menos ganham e no total atingem a R$ 2.285.000,00 (quase a metade do Neymar e menos do que Thiago Silva) e a média é de R$ 380.000,00.

O Paris Saint-Germain desembolsa R$ 5.320.000,00 com os brasileiros do time;

Vejam os demais times:
O Barcelona = R$ 5.600.000;
O Atlético de Madri = R$ 2.320.000;
O Bayern de Munique = R$ 1.995.000;
O Chelsea R$ 1.699.000;
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Paulo Coelho se diz decepcionado com Copa e detona Ronaldo: 'imbecil'

do UOL 19/05/2014


Presente na delegação oficial do Brasil no dia da escolha do país como sede do Mundial de 2014 (evento realizado em 2007), o escritor Paulo Coelho disse estar decepcionado com a Copa. Em entrevista ao Le Journal du Dimanche, ele atacou até o ex-jogador Ronaldo.

"Fora de questão (participar do evento)! Eu assistirei aos jogos na TV, mas eu não vou (ao estádio). Eu tenho dois ingressos para jogos, e eu estava na delegação oficial com Lula, Dunga e Romário, quando a Fifa escolheu o Brasil. Estou muito decepcionado com tudo o que aconteceu desde então. Nós poderíamos usar o dinheiro para construir algo diferente de estádios em um país que precisa de tudo: hospitais, escolas, transportes. Ronaldo é um imbecil por dizer que não é o papel da Copa do Mundo para construir esta infraestrutura. Ele deveria fechar a boca", disse o escritor.

"A seleção ganhando ou não, eu tenho certeza que haverá uma explosão social. Haverá pessoas nos estádios e ainda mais pessoas que estarão nas ruas, quando o mundo terá os olhos no Brasil. O contexto é muito tenso. A violência voltou. A Copa do Mundo pode ser uma bênção e um momento de comunhão para nós como foi para a França ou a Alemanha. Mas é um desastre. O país quer mostrar uma face que não é a verdade. Há uma divisão entre o governo e o povo", completou.

Apesar de se recusar a acompanhar o Brasil do estádio, Paulo Coelho disse ser um torcedor fanático por futebol, elegeu o time de Felipão favorito e relembrou o nervosismo que passou no Mundial de 1994.

"Brasil, eu espero (favorito)! Eu gosto muito o Marcelo e o Neymar. Eu sou um espectador apaixonado, eu posso desligar a TV com raiva se as coisas não saem do jeito que eu quiser. Em 1994, eu preferi ir à praia do que ver a disputa de pênaltis da final Brasil e Itália. Meu coração não poderia suportar aquilo", afirmou.

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Estádios da Copa estouraram orçamento.

Estádios:.........R$ = Custo original...R$ = Custo final....  % de aumento
Arena Amazônia-Manaus-AM...515 milhões...757 milhões...47
Arena da Baixada-Curitiba-PR...184,5.......265......................44
Arena das Dunas-Natal-RN.....320.......417 a 1,28bi......30 a 3.000
Arena Fonte Nova-Salvador-BA....591,7......689 + 35a..........17 a ...?
Arena Pantanal-Cuiabá-MT.....342..............570...................67
Arena Pernambuco-Recife-PE.....491.........650...................32
Beira-Rio-Porto Alegre-RS.......130............330..................154
Castelão-Fortaleza-CE.............400............519..................30
Itaquerão-S.Paulo-SP................ 820...........1 bi..................22 a ...?
Nacional Mané Garrincha-DF.....631..........1,6bi...a 1,9bi...201 a ...?
Maracanã-Rio de Janeiro-RJ.....  932..........1,2bi................29
Mineirão-Cidade-MG...............  426...........695..................63
Total: 12 estádios............ 5bi832mi....9.bi272mi...+?...736/976...a 3976
                                                                             média de 81%


 




quinta-feira, 15 de maio de 2014

RECURSIVIDADE - LINGUISTICA - PIRAHÃ - DAN EVERETT



RECURSIVIDADE - LINGUISTICA - PIRAHÃ - DAN EVERETT

Recursividade é um termo usado de maneira mais geral para descrever o processo de repetição de um objeto de um jeito similar ao que já fora mostrado. Um bom exemplo disso são as imagens repetidas que aparecem quando dois espelhos são apontados um para o outro.

Definição formal

Na matemática e na ciência da computação, a recursão especifica (ou constrói) uma classe de objetos ou métodos (ou um objeto de uma certa classe) definindo alguns poucos casos base ou métodos muito simples (freqüentemente apenas um), e então definindo regras para formular casos complexos em termos de casos mais simples.

Por exemplo, segue uma definição recursiva da ancestralidade de uma pessoa:

    Os pais de uma pessoa são seus antepassados (caso base);
    Os pais de qualquer antepassado são também antepassados da pessoa em consideração (passo recursivo).

É conveniente pensar que uma definição recursiva define objetos em termos de objetos “previamente definidos” dessa mesma classe que está sendo definida.

Definições como esta são frequentemente encontradas na matemática, por exemplo, a definição formal dos números naturais diz que 0 (zero) é um número natural, e todo número natural tem um sucessor, que é também um número natural.

Recursão na linguagem

O uso mais antigo de recursão na lingüística, e o uso da recursão em geral, remete ao lingüista Pāini em meados de 500 AC, o qual fez uso da recursão nas regras gramaticais do Sânscrito (língua clássica da Índia antiga que influenciou praticamente todos os idiomas ocidentais).

O lingüista Noam Chomsky lançou a teoria de que a extensão ilimitada de uma língua natural é possível apenas pelo mecanismo recursivo de encaixar frases em frases. Assim, uma garotinha tagarela pode muito bem dizer, "Dorothy, que encontrou a Bruxa Má do Oeste na Terra dos Munchkins, onde a bruxa má da sua irmã foi morta, liquidou-a com um balde de água.” Claramente, duas frases simples — "Dorothy encontrou a Bruxa Má do Oeste na Terra dos Munchkins" e "Sua irmã foi morta na Terra dos Munchkins" — podem ser encaixadas em uma terceira frase, "Dorothy liquidou-a com um balde de água", para obter uma frase exacerbadamente prolixa.

Aqui está uma outra maneira, possivelmente mais simples, de se entender processos recursivos:

    Nós já terminamos? Se sim, retorne os resultados. Sem uma condição de parada como esta, uma recursão iria se repetir eternamente.
    Se não, simplifique o problema, resolva o(s) problema(s) mais simples, e então encaixe os resultados na solução do problema original. Então retorne a solução.

Aqui vai uma ilustração mais humorística: "Para entender a recursão, a pessoa deve primeiro entender a recursão." Ou talvez seja mais adequado o exemplo seguinte criado por Andrew Plotkin: "Se você já sabe o que é a recursão, apenas se lembre da resposta. Caso contrário, encontre alguém que esteja mais próximo de Douglas Hofstadter do que você; então pergunte a ele ou a ela o que é a recursão."

Exemplos de objetos matemáticos freqüentemente definidos recursivamente são funções, conjuntos, e especialmente fractais.

A recursão em português claro

A recursão é o processo pelo qual passa um certo procedimento quando um dos passos do procedimento em questão envolve a repetição completa deste mesmo procedimento. Um procedimento que se utiliza da recursão é dito recursivo. Também é dito recursivo qualquer objeto que seja resultado de um procedimento recursivo.

Para entendermos a recursão, devemos primeiro compreender a diferença entre um procedimento e a execução de um procedimento. Um procedimento é um conjunto de passos que devem ser tomados baseados em um conjunto de regras. A execução de um procedimento envolve seguir de fato as regras e executar os passos. Uma analogia para isso é que um procedimento é como uma ementa (cardápio) que nos fornece as opções possíveis, enquanto a execução de um procedimento é escolhermos de fato qual refeição nos será servida.

Um procedimento é dito recursivo quando um de seus passos consiste na chamada de uma nova execução do procedimento. Conseqüentemente, uma refeição recursiva com quatro pratos seria uma refeição em que a entrada, a salada, o prato principal ou a sobremesa por si próprios já consistissem em refeições. Então uma refeição recursiva poderia ser feita por purês de batata, salada verde, frango grelhado, e para sobremesa, uma refeição de quatro pratos com bolinhos de bacalhau, salada de legumes, como prato principal uma refeição de quatro pratos, e para sobremesa um pedaço de bolo de chocolate, e assim sucessivamente até que a refeição esteja completa.

Um procedimento recursivo deve completar cada um de seus passos. Mesmo se uma nova chamada é feita, cada execução deve passar por cada um dos passos restantes. O que isso quer dizer é que, mesmo a salada sendo ela própria uma refeição inteira de quatro pratos, você ainda deverá comer o prato principal e a sobremesa.

Significado de Recursividade

sf (recursivo+i+dade) Ling Propriedade sintática pela qual um elemento pode aparecer um número infinito de vezes numa derivação, introduzido sempre pela mesma regra. Ex: O filho da irmã da mãe de José.

Exemplo com a palavra recursividade
Me refiro à ausência de números, a ausência da contagem e das cores, a ausência de mitos de criação e a recusa em falar do passado distante ou do futuro distante. Várias coisas como essa, incluindo a característica especial da recursividade, a possibilidade de manter um processo em andamento na sintaxe para sempre. Folha de São Paulo, 03/04/2012

Significados de Recursivo :
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1. Recursivo
Por Dicionário inFormal (SP) em 04-01-2013

A recursão é o processo pelo qual passa um certo procedimento quando um dos passos do procedimento em questão envolve a repetição completa deste mesmo procedimento.

"Para entender a recursão, a pessoa deve primeiro entender a recursão."
2. Recursivo
Por Dicionário inFormal (SP) em 05-05-2010

Vem do grego rec-ursa, que significa uma pessoa que pegou várias recuperações repetidamente.

Ele foi um aluno recursivo esse ano.


recursividade | s. f.

re·cur·si·vi·da·de
(recursivo + -idade)
substantivo feminino

1. Qualidade do que é recursivo.

2. [Informática]  Propriedade de função, programa ou afim que se pode invocar a si próprio.

3. [Linguística]  Possibilidade de aplicar uma regra repetidamente na construção de enunciados.

"recursividade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/recursividade [consultado em 15-05-2014].

Recursividade na língua e habilidades cognitivas superiores

Desde o seu surgimento, nos anos 50, a Teoria Gerativa tem enfatizado o caráter recursivo da sintaxe como uma das características cruciais das línguas humanas. São freqüentes também na literatura as analogias, baseadas nessa propriedade em particular, entre o sistema numérico e a língua (cf. Chomsky, 1998;
2007, dentre outros). Entretanto, apesar do seu uso bastante difundido na literatura, o conceito de recursividade, aplicado tanto ao domínio da língua quanto a outros campos, não tem recebido uma definição clara e unívoca. Percebe-se que, até pouco tempo atrás, não havia na literatura uma preocupação manifesta por esclarecer os pontos obscuros associados à noção. Essa situação tem começado a mudar recentemente com a publicação de alguns trabalhos que visam a discutir os alcances e
limites do conceito, tanto no seio da Teoria Lingüística quanto no que diz respeito a sua aplicação nas Ciências Cognitivas de um modo geral (Arsenijevic & Hinzen, 2010; Lobina & García-Albea, 2009; Tomalin, 2007).
Parker (2006a; 2006b) destaca que as definições apresentadas na Teoria Lingüística são freqüentemente “opacas”. Esse parece não ser, contudo, um problema exclusivo da lingüística uma vez que, segundo a autora, na Ciência da Computação, da qual a lingüística herdou a noção, as definições careceriam de um fio condutor comum. Também na Matemática, campo no qual o termo foi originalmente cunhado, registra-se uma situação similar (cf. Soare, 1996).
Pode-se afirmar assim que recursividade é um termo potencialmente problemático (Parker, 2006a e 2006b; Lobina & García-Albea, 2009; dentre outros).
Nesse sentido, este capítulo tem como objetivos: explorar essa noção – tradicionalmente considerada como uma propriedade central nas línguas naturais – e discutir, em que medida e sob quais aspectos, a recursividade poderia desempenhar um papel no modo como a língua interage com outros domínios cognitivos. Cabe, pois, formular as seguintes questões: A que se refere exatamente o termo recursividade
no âmbito da lingüística? Em que sentido pode-se falar de recursividade em outros domínios cognitivos fora da linguagem? Pode-se oferecer uma definição  geral de recursividade, com aplicabilidade inter-domínios?
As seguintes seções visam a iluminar as questões problemáticas acima colocadas. Em primeiro lugar, são discutidos os alcances e limites do termo recursividade tanto na Teoria Lingüística quanto em outros campos do conhecimento, quais sejam, a Matemática e a Ciência da Computação. Essa discussão é conduzida a partir de três pontos centrais: (a) as interpretações associadas ao termo recursividade na Matemática e na Ciência da Computação – disciplinas das quais provém o conceito incorporado pela lingüística; (b) a maneira como a noção de recursividade foi incorporada na Teoria Lingüística a partir dos anos 50 e (c) o impacto das duas questões anteriores na interpretação de recursividade no contexto do PM.  
Ver: 4 Recursividade na língua e habilidades ... - PUC Rio
www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0710538_11_cap_04.pdf
limites do conceito, tanto no seio da Teoria Lingüística quanto no que diz respeito a ... recursividade tanto na Teoria Lingüística quanto em outros campos do ...

Primeiras palavras

Pesquisas lingüísticas recentemente publicadas e realizadas pelo antropólogo Daniel Everett com a língua Pirahã do Sul do Amazonas parecem ter colocado fim no longo período de estabilidade do paradigma chomskyano, que prevê a existência de uma gramática universal comum a todas as línguas da humanidade. Se os argumentos de Everett, os seus “feitos heróicos” se confirmarem, os postulados de Chomsky estariam entrando em um período de crise para em seguida sofrerem uma profunda mudança. Antes de entrarmos na polêmica Everett versus Chomsky, façamos um breve passeio pela história da lingüística para entendermos um pouco sobre as principais “convulsões metodológicas” pelas quais essa ciência passou.

A primeira grande convulsão

O principal debate suscitado nessa ciência foi protagonizado pelo lingüista norte-americano Noam Chomsky nos anos cinqüenta do século passado. Em seu livro, “Syntactic Structures”, Chomsky, apoiado no racionalismo clássico (cartesianismo) e na tradição lógica, em seu programa de pesquisa critica veementemente os seguidores de Leonard Bloomfield por seu modo estruturalista de analisar a linguagem. Para alguns filósofos da lingüística Chomsky teria promovido com seu programa de pesquisa uma verdadeira revolução científica, instaurando um novo paradigma científico.

Os estruturalistas, tributários de Ferdinand de Saussure, considerado o pai da lingüística moderna, mais especificamente, os distribucionalistas norte-americanos, partindo da psicologia behaviorista, acreditavam que o estudo de uma língua deveria ser feito a partir da uma reunião de um conjunto, de um corpus tão variado quanto possível de frases efetivamente produzidas por falantes dessa língua, em determinada época, com o objetivo de descrever as regularidades existentes nessas falas. Para os estruturalistas as línguas se organizam em todos os seus aspectos estruturais (fonéticos, morfológicos e sintáticos) de uma maneira regular e reiterável.

O trabalho do lingüista distribucionalista é descrever o funcionamento dessa organização. Por exemplo, numa frase do português como “Os meninos são levados”, o estruturalista começaria analisando essa estrutura decompondo todos os seus constituintes imediatos, dividindo-os em unidades simples e associando cada uma dessas unidades, com base em diferentes critérios categoriais, a diferentes classes. Assim, identificaria o artigo “Os”; o nome “meninos”; o verbo “são” e o adjetivo “levados”. Depois, verificaria como cada um desses constituintes imediatos se relaciona com outros formando pequenos segmentos. Desse modo, relacionaria o artigo “Os” com o nome “meninos” para formar o conjunto “Os meninos” e o verbo “são” com o adjetivo “levados” para formar “são levados”. Por último, o estruturalista definiria quais os papéis específicos que cada um desses segmentos desempenha na frase. Dessa maneira, o conjunto “Os meninos” exerce a função de sujeito e o conjunto “são levados” de predicado. Todo esse trabalho de decomposição dos segmentos em constituintes menores a partir de um determinado corpus de língua é fundamental para se observar, por exemplo, que uma das regularidades lingüísticas estruturais do português é que o artigo vem sempre anteposto ao substantivo.

O programa de pesquisa de Noam Chomsky, no entanto, rebaterá duramente a postura analítica dos estruturalistas. O lingüista norte-americano afirma que o homem já nasce com a linguagem. Ela faz parte da natureza humana. Desse modo, para ele uma língua não se restringe a um corpus, pois enquanto este se constitui num conjunto finito de frases a língua torna possível um conjunto infinito: a uma frase pode juntar-se outra, outra ainda e assim sucessivamente. Ademais, segundo Chomsky uma língua não se restringe a um conjunto de frases, mas se constitui num saber a propósito dessas frases. Ou seja, os falantes possuem um saber inato sobre sua própria língua que os habilita a distinguir uma frase gramatical de uma frase agramatical. Por exemplo, um falante do português é capaz de reconhecer a frase “Os meninos são levados” como gramatical e “Levados os são meninos” como agramatical.

Chomsky argumenta que a gramática de uma língua se constitui num conjunto de regras, de instruções, cuja aplicação mecânica produz frases admissíveis dessa língua. Surge a Gramática Gerativa, gerativa porque possibilita, a partir de um conjunto limitado de regras, gerar um número infinito de frases. A língua no entendimento de Noam Chomsky não se define somente pelas frases existentes, mas também por aquelas possíveis de ser criadas a partir das regras.  Essas regras são interiorizadas pelos falantes que os torna aptos a produzir frases mesmo sem que estes tenham sequer ouvido essas frases. Chomsky define como recursividade essa capacidade a partir da qual somos capazes de produzir uma variedade ilimitada de sentenças de comprimento indeterminado apenas combinando as poucas regras da língua.

Como o que está em causa para Chomsky é um falante ideal e não um falante real, sua teoria conduz à existência de uma gramática universal em que alguns traços são comuns a todas as línguas da humanidade. Por exemplo, toda língua possui recursividade; toda língua distingue nomes e verbos; toda língua distingue três pessoas do discurso; toda língua tem pelo menos três vogais.  O que implica dizer que para Chomsky a linguagem independe do meio cultural em que os falantes vivem.
A segunda grande convulsão

Foi necessário esperar quase cinqüenta anos para que tivéssemos mais uma grande polêmica na lingüística. Desta vez é o próprio programa de pesquisa de Noam Chomsky que é posto à prova. O antropólogo Daniel Everett após estudar por cerca de 30 anos os Pirahãs, grupo indígena, localizado no Sul do Amazonas, constituído por cerca de 350 indivíduos questionou a afirmação chomskyana de uma gramática universal dizendo que os índios Pirahãs têm o seu pensamento determinado pela cultura e não por aspectos cognitivos com afirma Chomsky com a gramática universal.

O estudo de Everett foi publicado em 2005 no periódico “Current Anthropology”. Nesse estudo, o lingüista norte-americano afirma que  os Pirahãs usam apenas oito consoantes e três vogais, não têm tempos verbais, contam até três, não têm palavras para cores e não possuem mitos para a sua criação. Everett afirma ainda em seu estudo que a língua dos Pirahãs não possui recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando  uma frase em outra. Por exemplo, para dizer que “O arco é do irmão de Pedro” um Pirahã diria: “O arco de Pedro”; “O irmão de Pedro”. A inexistência da recursividade na língua Pirahã se constitui num forte argumento contrário à tese chomskyana da gramática universal.

Torçamos para que mais “abalos sísmicos” ocorram não só na lingüística, mas nas ciências da linguagem de uma maneira geral. Somente assim elas terão a sua maturidade científica garantida. Até o próximo encontro.

Produção: Roberto Leiser Baronas - Doutor em Lingüística e Língua Portuguesa, Professor Adjunto do Departamento de Letras - DL e do Programa de Pós-Graduação em  Lingüística da UFSCar - PPGL, Pesquisador  do LABOR- Laboratório de Estudos do Discurso Político e do Grupo de Estudos de Análise do Discurso de Araraquara – GEADA.

Recursividade em Pirahã

Os Pirahã (família Mura) vivem hoje ao longo do rio Maci, entre os municípios de Humaitá e Manicoré no estado do Amazonas. Esse era um povo basicamente desconhecido até 2005, quando o pesquisador americano Daniel Everett publicou um artigo na revista Current Anthropology (University of Chicago Press) defendendo a existência das seguintes lacunas na língua e cultura Pirahã:

(1) Lacunas sintáticas e lexicais

a. Ausência de encaixamentos sintáticos (recursividade);

b. Ausência de termos para números e de conceito de numerosidade;

c. Ausência de quantificadores;

d. Ausência de tempo relativo;

e. Ausência de termos para cores;

f. Sistema pronominal extremamente simplificado.

(2) Lacunas culturais

a. Ausência de mitos de criação e ficção;

b. Ausência de memória individual ou coletiva sobre eventos que aconteceram

no passado;

c. Incapacidade de adquirir uma segunda língua;

d. Ausência de arte;

e. Sistema de parentesco extremamente simplificado;

f. Material cultural quase inexistente.

Everett argumenta que essas lacunas estão correlacionadas, sendo todas consequências do principio da experiência imediata:

(3) Principio da experiência imediata

A comunicação é restrita à experiência imediata dos interlocutores.

Esta publicação provocou forte reação de linguistas teóricos do mundo inteiro, os quais argumentaram que o princípio em (3) não explica: (a) as lacunas de linguagem em (1); (b) como essas lacunas se correlacionam às lacunas culturais em (2). Em 2009, os pesquisadores Andrew Nevins, David Pesetsky e Cilene Rodrigues publicaram na revista Language uma resposta ao artigo de Everett, colocando em dúvida a existências das lacunas em (1) e (2). Este trabalho foi realizado tomando como fonte de dados os trabalhos anteriores de Everett sobre a língua Pirahã e o trabalho do antropólogo Marco Antonio Gonçalves sobre a cosmologia Pirahã. Aqueles autores concluíram que as lacunas em (1) e (2) não são reais, mas resultado de falhas na interpretação dos dados. Observaram ainda que a língua Pirahã compartilha propriedades com várias outras línguas do mundo como, por exemplo, o Alemão. Assim como em Pirahã, o Alemão, em construções envolvendo caso genitivo, não aceita múltiplos encaixamentos de sintagmas nominais possessivos.  Everett (2009) contra-argumenta, desqualificando as fontes de informação usadas por Nevins, Pesetsky & Rodrigues. Segundo Everett, seus escritos anteriores à publicação de (2005) contêm dados incorretos, não podendo, portanto, servir como fonte de dados sobre a língua Pirahã.

A controvérsia entre Daniel Everett e linguistas teóricos sobre a língua amazônica Pirahã ganhou ainda mais fôlego com a publicação em (2008) do livro Don’t sleep, there are snakes: life and language in the Amazonian Jungle, de autoria de Daniel Everett, e com o lançamento do filme The grammar of happiness, ganhador de prêmio da FIPA em 2012 na França. Isso incendiou a mídia e o povo Pirahã virou assunto em várias páginas da Internet e em jornais importantes do mundo, como New York Times e Folha de São Paulo.  Apesar de tanta atenção, no entanto, a questão acadêmica e científica sobre a língua e cultura dos Pirahã ainda é obscura.

Recentemente (Julho/2012), Cilene Rodrigues & Filomena Sandalo realizaram pesquisa de campo com dois membros da comunidade Pirahã (Augusto Diarroi e Iapohen Pirahã) com ênfase na questão da recursividade em sintagmas preposicionais, sintagmas nominais e sentenças. O trabalho a ser apresentado é o resultado desta experiência.

tardesdelinguistica@gmail.com

Tribo do AM causa guerra na lingüística

Americano diz que a língua dos pirahãs, que só contam até três, desafia a teoria mais aceita sobre a linguagem humana

Segundo Daniel Everett, idioma é exceção à chamada Gramática Universal; trio que analisou trabalho, no entanto, critica a hipótese.

O lingüista Dan Everett, que viveu sete anos com os pirahãs

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

Uma tribo de caçadores-coletores do sul do Amazonas está colocando lingüistas e antropólogos em pé de guerra. Segundo um pesquisador, a língua dos pirahãs, um grupo de 350 pessoas que habitam o rio Maici, perto da divisa com Rondônia, é tão excepcional que põe em xeque a principal teoria vigente sobre a linguagem humana. A tese, no entanto, é contestada por outros lingüistas.
Os pirahãs ficaram famosos entre os acadêmicos devido ao trabalho do americano Daniel Everett, 55, um ex-missionário cristão que hoje é professor da Universidade Estadual de Illinois. Ele começou a estudar a língua da tribo nos anos 1970, com o objetivo (que nunca foi cumprido) de catequizá-los.
Enquanto aprendia a língua, vivendo numa aldeia pirahã com a mulher e os filhos, Everett descobriu uma série de peculiaridades no idioma. Os pirahãs não têm palavras para cores. Usam apenas oito consoantes e três vogais. Não possuem mitos de criação, não têm tempos verbais, não fazem arte só sabem contar até três.
Em 2005, Everett publicou no periódico "Current Anthropology" um artigo no qual afirmava também que a língua pirahã não tem recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando uma frase na outra. Assim, um pirahã seria capaz de dizer "a canoa de João", "o irmão de João", mas nunca "a canoa do irmão de João". Como vivem numa sociedade extremamente simples, onde o que conta é a experiência imediata (o aqui e agora), os pirahãs, argumenta Everett, têm sua língua (e, portanto, seu pensamento) limitados pela cultura -um caso único.
O trabalho caiu como uma bomba no meio lingüístico. Se Everett estivesse certo, o idioma pirahã seria um sério desafio à teoria da Gramática Universal. Desenvolvida pelo influente lingüista americano Noam Chomsky, a teoria afirma que todos os seres humanos possuem uma faculdade inata da linguagem, uma espécie de "órgão da linguagem" no cérebro. Essa capacidade independeria do meio cultural, tendo sido impressa nos circuitos cerebrais do Homo sapiens pela evolução. E a principal marca dessa faculdade é justamente a recursividade.
Uma exceção a essa regra significaria ou que os pirahãs não são humanos ou que o arcabouço intelectual chomskiano -sob o qual se formaram gerações de lingüistas- está falido. Everett, é claro, aposta na segunda hipótese.

Bombando

A tese de Everett sobre como a chamada "experiência imediata" limita a competência lingüística dos pirahãs saiu do domínio da academia na semana passada e se espalhou como rastilho de pólvora na imprensa popular. Uma reportagem de 20 páginas intitulada "O Intérprete - Será que uma tribo remota da Amazônia virou do avesso nossa compreensão da linguagem?" foi publicada na prestigiosa revista americana "The New Yorker" e citada por jornais on-line, revistas e blogs nos EUA e no Brasil.
No entanto, no final do mês passado, antes de a "New Yorker" ir para a banca, um trio de lingüistas dos EUA e do Brasil postou no site especializado Lingbuzz um artigo contestando ponto a ponto o trabalho de Everett. Andrew Nevins, da Universidade Harvard, David Pesetsky, colega de Chomsky no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Cilene Rodrigues, da Unicamp, afirmam -com base em trabalhos anteriores do próprio Everett- que o pirahã não apresenta desafio à Gramática Universal.


JC e-mail 3244, de 16 de abril de 2007

22. Tribo do Amazônia causa guerra na lingüística
           
Americano diz que a língua dos pirahãs, que só contam até três, desafia a teoria mais aceita sobre a linguagem humana. Segundo Daniel Everett, idioma é exceção à chamada Gramática Universal; trio que analisou trabalho, no entanto, critica a hipótese

Claudio Ângelo, editor de Ciência, escreve para a Folha de SP:

Uma tribo de caçadores-coletores do sul do Amazonas está colocando lingüistas e antropólogos em pé de guerra.

Segundo um pesquisador, a língua dos pirahãs, um grupo de 350 pessoas que habitam o rio Maici, perto da divisa com Rondônia, é tão excepcional que põe em xeque a principal teoria vigente sobre a linguagem humana.

A tese, no entanto, é contestada por outros lingüistas.

Os pirahãs ficaram famosos entre os acadêmicos devido ao trabalho do americano Daniel Everett, 55, um ex-missionário cristão que hoje é professor da Universidade Estadual de Illinois.

Ele começou a estudar a língua da tribo nos anos 1970, com o objetivo (que nunca foi cumprido) de catequizá-los.

Enquanto aprendia a língua, vivendo numa aldeia pirahã com a mulher e os filhos, Everett descobriu uma série de peculiaridades no idioma.

Os pirahãs não têm palavras para cores. Usam apenas oito consoantes e três vogais. Não possuem mitos de criação, não têm tempos verbais, não fazem arte só sabem contar até três.

Em 2005, Everett publicou no periódico "Current Anthropology" um artigo no qual afirmava também que a língua pirahã não tem recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando uma frase na outra.

Assim, um pirahã seria capaz de dizer "a canoa de João", "o irmão de João", mas nunca "a canoa do irmão de João".

Como vivem numa sociedade extremamente simples, onde o que conta é a experiência imediata (o aqui e agora), os pirahãs, argumenta Everett, têm sua língua (e, portanto, seu pensamento) limitados pela cultura -um caso único.

O trabalho caiu como uma bomba no meio lingüístico. Se Everett estivesse certo, o idioma pirahã seria um sério desafio à teoria da Gramática Universal.

Desenvolvida pelo influente lingüista americano Noam Chomsky, a teoria afirma que todos os seres humanos possuem uma faculdade inata da linguagem, uma espécie de "órgão da linguagem" no cérebro.

Essa capacidade independeria do meio cultural, tendo sido impressa nos circuitos cerebrais do Homo sapiens pela evolução. E a principal marca dessa faculdade é justamente a recursividade.

Uma exceção a essa regra significaria ou que os pirahãs não são humanos ou que o arcabouço intelectual chomskiano sob o qual se formaram gerações de lingüistas está falido. Everett, é claro, aposta na segunda hipótese.

Bombando

A tese de Everett sobre como a chamada "experiência imediata" limita a competência lingüística dos pirahãs saiu do domínio da academia na semana passada e se espalhou como rastilho de pólvora na imprensa popular.

Uma reportagem de 20 páginas intitulada "O Intérprete - Será que uma tribo remota da Amazônia virou do avesso nossa compreensão da linguagem?" foi publicada na prestigiosa revista americana "The New Yorker" e citada por jornais on-line, revistas e blogs nos EUA e no Brasil.

No entanto, no final do mês passado, antes de a "The New Yorker" ir para a banca, um trio de lingüistas dos EUA e do Brasil postou no site especializado Lingbuzz um artigo contestando ponto a ponto o trabalho de Everett.

Andrew Nevins, da Universidade Harvard, David Pesetsky, colega de Chomsky no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Cilene Rodrigues, da Unicamp, afirmam com base em trabalhos anteriores do próprio Everett que o pirahã não apresenta desafio à Gramática Universal.

Longe de ser "único", pirahã tem traços comuns com o alemão, dizem críticos

No trabalho "A Excepcionalidade do Pirahã: uma reavaliação", os lingüistas compararam o pirahã com várias línguas e descobriram que o idioma, longe de ser um "caso excepcional", tem semelhanças com o alemão, o bengali e o chinês.

A suposta matemática única dos pirahãs, afirmam, é compartilhada por outras tribos da Amazônia, como os xetás (até mesmo o tupi tinha um sistema de contagem limitado), que só contam até três.

E há, sim, evidências de recursividade.

Além disso, Everett tem despertado a fúria de antropólogos e lingüistas brasileiros, que o acusam veladamente de "monopolizar" os pirahãs, restringindo o acesso de outros às aldeias, e de pesquisar sem autorização da Funai (Fundação Nacional do Índio) o que a sede da Funai confirma.

"No cerne disso tudo há uma confusão sobre o que é a Gramática Universal", disse David Pesetsky à Folha de SP.

Acho que Everett confundiu a teoria de Chomsky, Hauser e Fitch", afirmou, referindo-se à sua reformulação, que Chomsky publicou em 2003 junto com Marc Hauser, de Harvard, e Tecumseh Fitch, da Universidade St. Andrews (Escócia).

"O fato de não se poder dizer em pirahã "A canoa do irmão de João", por exemplo, existe em alemão. Everett diz que esse fato em pirahã se deve à cultura extremamente limitada, mas os alemães não têm essa limitação cultural. Eles navegam na Internet. Então, o fato em alemão não se deve à cultura."

Sem elaboração

Rodrigues afirma que Everett "não tem uma teoria e sim uma hipótese", que padece de uma "falta de elaboração teórica".

"A experiência imediata, para nós, é uma forma que ele encontrou de colocar todas as observações que ele acha interessantes no mesmo saco. Isso é cientificamente frágil", disparou.

"E, se fosse assim, por que a limitação cultural só influencia a linguagem e não outras partes do sistema cognitivo, como a visão?", questiona.

Everett publicou no mesmo Lingbuzz uma resposta a Rodrigues e colegas, a quem chama de "lingüistas de gabinete".

Também os acusa de ter usado seus escritos de 20 anos atrás para refutar sua tese.

"Não há evidência em pirahã de recursividade", disse Everett à Folha, por e-mail, num português perfeito.

"Além do mais, o Chomsky nem define bem o que ele quer dizer com isso - muito menos o Fitch, que foi comigo para a aldeia.

Everett, que tem visto de residente permanente no Brasil, diz que sempre pesquisa com autorização "do delegado da Funai de Porto Velho" e que sempre estimula, não impede, que outros visitem a área.

"No entanto, os pirahãs quase não falam português e eu sou o único pesquisador secular que já aprendeu a língua deles."

Tecumseh Fitch diz que a questão ainda está aberta. "[Mas] é um truísmo que a cultura molda a linguagem. É por isso que o brasileiro tem a palavra "samba" e escocês tem a palavra "haggis".

E daí? As implicações disso para a Gramática Universal são nulas."

Ele continua: "Everett, como muitos críticos de Chomsky, tem uma concepção própria da Gramática Universal, contra a qual ele se bate".

Mas seus dados "são tão convincentes quanto a falta de evidência pode ser ou seja, não muito". (CA)

Leia os artigos de Nevins e colegas e a resposta de Everett (em inglês) no site:
ling.auf.net/lingbuzz/@FMOHZRLOElguQmMB/VKSrtjhf?230
(Folha de SP, 16/4)

A expressão da Recursividade em Pirahã: documentação, descrição e análise (Mura)
Beneficiário:     
Glauber Romling da Silva
Instituição:        Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas, SP, Brasil
Pesquisador responsável:         
Maria Filomena Spatti Sandalo
Área do conhecimento:  Linguística, Letras e Artes - Linguística - Teoria e Análise Lingüística
Linha de fomento:         Bolsas no Brasil - Pós-Doutorado
Processo:         13/11693-7
Vigência:          01 de setembro de 2013 - 31 de agosto de 2015
Vinculado ao auxílio:     12/17869-7 - Fronteiras e assimetrias em fonologia e morfologia, AP.TEM
Assunto(s):       Línguas indígenas

Resumo
Este projeto tem dois objetivos interconectados: (i) documentar e descrever os principais aspectos da fonologia e da morfossintaxe da língua Pirahã (Mura) e (ii) investigar teoricamente a expressão da recursividade nessa língua. Recentemente, o Pirahã suscitou acirrado debate internacional sobre os limites, ou mesmo a existência, da recursividade (Everett, 2005; Nevins et alii 2009a, 2009b; Everett, 2009), como "pedra angular" da capacidade humana de linguagem (Hauser, Chomsky & Fitch, 2002). Descobertas recentes mostram que a presença/ausência de estruturas recursivas é uma evidência fundamental para a parametrização durante o período de aquisição (Snyder, 2005; Roeper & Snyder, 2005, (a aparecer)). O Pirahã oferece evidências para uma recursividade sintática limitada (Nevins et alii (2009a, 2009b), Rodrigues & Sandalo, (2013)), pois seleciona um subconjunto das possibilidades gramaticais providas pela UG (universal grammar). Nesse contexto, buscaremos (i) mapear quais são as categorias lexicais e funcionais que são recursivas em Pirahã; (ii) que tipo de recursividade expressam; (iii) em que nível a expressam; (iv) em que grau de restrição operam; e, sobretudo, (v) que restrições locais operam. Paralelamente a esses objetivos mais teóricos, construiremos acervo digital contendo sessões de áudio e vídeo resultantes da gravação de eventos verbais anotadas (transcrição, tradução, glosagem e notas) e acompanhadas de metadata. Para isso utilizaremos o programas de gestão de base de dados FLEx (sil.org), o criador de metadata Arbil (Withers (2009)), o anotador ELAN (Slotjes & Wittenburg (2008)) e o formatador de dicionários (sil.org). Os desdobramentos esperados são uma gramática descritiva e um léxico em formato de dicionário. Parte deste acervo será incorporada ao Corpus Tycho Brahe (Galves & Faria, 2011) (doravante, CTB) e, como modelo de arquitetura de acervo, isso poderá servir como catalisador para a agregação e adaptação de outros materiais sobre línguas indígenas e/ou pouco documentadas. A vantagem dessa incorporação é que o CTB provê anotação sintática e é capaz de gerar hipóteses sobre seus padrões. Dessa forma, aliamos o poder de uma ferramenta computacional de documentação à investigação teórica de uma língua natural humana. (AU)

Variabilidade das línguas e invariância: escolhas efetuadas pelas teorias

1 José Borges Neto
UFPR/CNPq
1. Introdução.
A história dos estudos linguísticos mostra um panorama de alterações polares
entre perspectivas focadas na variabilidade das línguas e perspectivas focadas na busca da invariância, com nítida preferência pelas perspectivas universalistas.
As teorias que buscam a invariância nas línguas, de certa forma, ignoram metodologicamente as evidências de variabilidade, enquanto as teorias que adotam a perspectiva, digamos, variacionista, ao contrário, dirigem seu olhar para as evidências de variação e ignoram eventuais achados de invariância.
Embora o foco selecionado dirija o olhar do cientista para um dos polos – e o faça desprezar evidências relativas ao outro polo – podemos dizer, sem medo de errar, que nenhum linguista assume essa “escolha de lado” de forma tão radical que o leve a dizer que só existe variação (sem qualquer invariância) ou que nada varia. A questão, no fundo se restringe a escolhas relacionadas ao grau ou à centralidade explicativa da variabilidade/invariabilidade.
Os debates sobre a variabilidade ou invariabilidade das coisas podem ser rastreados até pelo menos a filosofia grega do séc. V a.C., nos bem conhecidos debates entre o mundo dinâmico de Heráclito e o mundo eterno, único e imutável de Parmênides. As imagens da chama e do cristal têm sido usadas desde então como representação da controvérsia: para Heráclito o mundo é chama e para Parmênides, cristal.
Parmênides, no entanto, não negava a variação, negava apenas que ela constituísse uma força explicativa, já que o mundo aparentemente variável era apenas uma ilusão, fruto das sensações e das aparências. Heráclito, por sua vez, não ignorava a unidade do mundo, apenas a considerava resultante da luta dos contrários. Ou seja, para ambos havia variação e invariância, mas para Parmênides a variação era ilusória e o mundo devia ser abordado a partir da perspectiva da invariância e, para Heráclito, a invariância era uma espécie de momento de equilíbrio da variação.
Dessa forma, podemos dizer que a questão não é empírica. Os dados brutos não nos dizem como estudá-
los e, portanto, as razões para a escolha de uma ou de outra perspectiva devem ser procuradas em outro lugar que não nos fenômenos.
No século XX, o estruturalismo assumiu claramente a perspectiva da variabilidade das línguas. A metodologia estruturalista – tanto no estruturalismo europeu quanto no estruturalismo americano – assumia como posição básica que cada língua a ser analisada devia ser considerada como uma estrutura sui generis e que a tentativa de aplicar a uma língua recém - descoberta as categorias aplicadas às línguas já conhecidas devia ser evitada.
Com o surgimento da gramática gerativa, nos anos 50, a perspectiva “universalista” volta ao centro da cena: a busca da invariância passa a ser a tarefa central dos estudos linguísticos.
1 Texto de conferência proferida durante o IV Seminário de Estudos Linguísticos da UNESP, promovido
pelos Programas de Pós - Graduação em Estudos Linguísticos (IBILCE – São José do Rio Preto) e Linguística e Língua Portuguesa (FCL – Araraquara), Araraquara, 03/09/2012.
Variabilidade das línguas e invariância: escolhas ... - people
people.ufpr.br/~borges/publicacoes/.../variabilidade_e_invariancia.pdf
de JB Neto - Artigos relacionados
A história dos estudos linguísticos mostra um panorama de alterações .... Se a criança consegue, a ausência de recursividade na língua pirahã não teria.

Livro e filme sobre língua indígena rara desperta controvérsias

Linguistas criticam obra de Dan Everett sobre a tribo piraha, isolados caçadores da Amazônia que visitou

The New York Times | 25/03/2012

Em seu livro de memórias de 2008, "Don’t Sleep, There Are Snakes" (Não Durma, Pois Há Cobras, em tradução livre), o linguista Dan Everett se lembrou da noite em que os membros da tribo piraha - os isolados caçadores da Amazônia que visitou pela primeira vez como missionário cristão na década de 1970 - tentaram matá-lo .

Everett sobreviveu e sua vida entre os pirahas, grupo de centenas de pessoas que habitam o noroeste do Brasil, se tornou pacífica e ele se estabeleceu como uma das maiores autoridades acadêmicas sobre o grupo e uma das poucas pessoas de fora da tribo a dominar sua difícil língua.

Equador: Projeto tenta preservar língua ancestral dos índios

Sua vida entre os seus colegas linguistas, no entanto, tem sido bem menos idílica, e um debate sobre sua credibilidade acadêmica está prestes a ser retomado graças a seu novo e ambicioso livro “Language: The Cultural Tool" (Idioma: A Ferramenta cultural, em tradução livre), e um documentário para televisão que apresenta um de seus admiráveis pontos de vista a respeito de sua pesquisa entre os piraha juntamente com o ponto de vista mais sombrio de alguns de seus críticos.

Dan Everett na região da Amazônia onde vivem os piraha, em 1981
Em 2005, Everett ganhou reconhecimento internacional quando publicou um relatório dizendo que havia identificado algumas características peculiares da língua piraha que desafiavam a influente teoria de Noam Chomsky, proposta na década de 50, de que a linguagem humana é regida pela "gramática universal", uma capacidade geneticamente determinada que impõe o mesmo formato fundamental em todas as línguas do mundo.

O estudo, publicado na revista Current Anthropology, transformou-o em uma espécie de herói popular e ao mesmo tempo criou uma certa controvérsia em sua carreira, com ele sendo retratado pela imprensa como o estudioso que derrubou o poderoso Chomsky e denunciado por alguns colegas linguistas como uma fraude, que busca apenas atenção, ou pior, alguém que procura promover ideias dúbias sobre um grupo indígena ingênuo enquanto se recusa a liberar seus dados para análise.

Em uma entrevista por telefone Everett, 60 anos, que é o decano do departamento de artes e ciências da Universidade de Bentley em Waltham, Massachusetts, insistiu que não está tentando comprar uma nova briga e muito menos apresentar-se como um rival para o homem que chama de "a pessoa mais inteligente que eu já conheci. "

"Sou peixe pequeno", disse ele, acrescentando: "Em nenhum momento eu me coloquei no mesmo patamar que Chomsky."

Trabalho

Em um muito citado trabalho escrito por Chomsky em 2002, professor emérito de linguística no MIT, com o auxílio de Marc D. Hauser e W. Tecumseh Fitch, declarou que a recursividade (propriedade de linguagem que permite aos falantes para incorporar frases dentro de frase) era o elemento crucial da gramática universal e a única coisa que separa a linguagem humana de seus precursores evolutivos.

Mas Everett, que havia publicado diversos trabalhos sobre os piraha durante duas décadas, anunciou em seu artigo de 2005 que a língua deles carecia de recursividade, juntamente com os termos para descrever cores, números e outras propriedades comuns da nossa linguagem. Os piraha, Everett escreveu, demonstram essas lacunas linguísticas não porque têm um pensamento menos evoluído, mas porque a sua cultura - que enfatiza questões concretas do presente, não possui mitos que falem da criação e não compartilham de tradições de criar arte - não as exigem.

Integrantes da tribo piraha, donos de uma língua rara, na Amazônia
Em 2009, os linguistas Andrew Nevins, Cilene Rodrigues e David Pesetsky, três dos mais ferozes críticos do primeiro artigo de Everett, fizeram sua própria publicação no jornal Language, contestando as pretensões linguísticas de Everett e expressando um certo "desconforto" com seu relato sobre a suposta cultura simples da tribo piraha. Sua principal fonte foi o material escrito pelo próprio Everett, cuja tese de doutorado de 1982, eles argumentaram, mostrou evidências claras de recursão por parte dos piraha.

"Ele estava certo da primeira vez", disse Pesetsky, um professor do MIT. "A primeira vez que fez sua pesquisa ele tinha motivos. A segunda vez ele já não tinha nenhum motivo por trás de suas pesquisas".

A análise deles, apresentada na reunião anual da Sociedade Linguística dos Estados Unidos em janeiro, não encontrou cláusulas embutidas, mas chegou a descobrir "evidências sugestivas" de recursividade. É um resultado pouco satisfatório para Everett, que o questiona constantemente. Mas seus críticos, estranhamente, também não parecem satisfeitos.

EUA: Para evitar impostos, índios fabricam seus próprios cigarros

Pesetsky rejeitou todo o esforço como sendo tendencioso desde o início por sua dependência em classificações gramaticais feitas por Everett e suas suposições básicas. "Eles superestimaram a correção da hipótese que eles mesmos estavam tentando refutar", disse.

Os críticos de Everett o culpam por ele não querer liberar seus dados de sua pesquisa de campo, mesmo sete anos após o surgimento da polêmica. Ele respondeu que está atualmente trabalhando para traduzir todo seu material e espera poder publicar algumas de suas transcrições na internet "ao longo dos próximos meses."

Sua maior indignação, ele disse, é o fato de como alguns outros estudiosos o acusaram de ter feito uma “pesquisa racista" e de interferirem com seu acesso a tribo dos Piraha.

Independentemente das razões pelas quais ele teve o seu acesso negado, ele está contando com a ajuda dos próprio piraha, que são mostrados ao final do documentário “The Grammar of Happiness” (A Gramática da Felicidade, em tradução literal), no qual gravaram um apelo emocional para o governo brasileiro.

"Nós amamos Dan", um homem diz para a câmera. "Dan fala a nossa língua."

*Por Jennifer Schuessler


104. Amazonas: túmulo do Gerativismo

Publicado em Segunda-feira, 30-Abr-2007

Recentemente, veio à luz na imprensa a existência de uma língua que quebra com um dos preceitos fundamentais da teoria lingüística do Gerativismo. Transcrevo o artigo de Claudio Angelo, publicado na Folha de São Paulo. A minha única dúvida e se, confirmada a inexistência de recursividade no pirahã, acabará a ditadura gerativista do Departamento de Lingüística da Universidade de São Paulo.

«Uma tribo de caçadores-coletores do sul do Amazonas está colocando lingüistas e antropólogos em pé de guerra. Segundo um pesquisador, a língua dos pirahãs, um grupo de 350 pessoas que habitam o rio Maici, perto da divisa com Rondônia, é tão excepcional que põe em xeque a principal teoria vigente sobre a linguagem humana. A tese, no entanto, é contestada por outros lingüistas.
Os pirahãs ficaram famosos entre os acadêmicos devido ao trabalho do americano Daniel Everett, 55, um ex-missionário cristão que hoje é professor da Universidade Estadual de Illinois. Ele começou a estudar a língua da tribo nos anos 1970, com o objetivo (que nunca foi cumprido) de catequizá-los.
Enquanto aprendia a língua, vivendo numa aldeia pirahã com a mulher e os filhos, Everett descobriu uma série de peculiaridades no idioma. Os pirahãs não têm palavras para cores. Usam apenas oito consoantes e três vogais. Não possuem mitos de criação, não têm tempos verbais, não fazem arte e só sabem contar até três.
Em 2005, Everett publicou no periódico Current Anthropology um artigo no qual afirmava também que a língua pirahã não tem recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando uma frase na outra. Assim, um pirahã seria capaz de dizer «a canoa de João», «o irmão de João», mas nunca «a canoa do irmão de João». Como vivem numa sociedade extremamente simples, onde o que conta é a experiência imediata (o aqui e agora), os pirahãs, argumenta Everett, têm sua língua (e, portanto, seu pensamento) limitados pela cultura – um caso único.
O trabalho caiu como uma bomba no meio lingüístico. Se Everett estivesse certo, o idioma pirahã seria um sério desafio à teoria da Gramática Universal. Desenvolvida pelo influente lingüista americano Noam Chomsky, a teoria afirma que todos os seres humanos possuem uma faculdade inata da linguagem, uma espécie de órgão da linguagem no cérebro. Essa capacidade independeria do meio cultural, tendo sido impressa nos circuitos cerebrais do Homo sapiens pela evolução. E a principal marca dessa faculdade é justamente a recursividade.
Uma exceção a essa regra significaria ou que os pirahãs não são humanos ou que o arcabouço intelectual chomskiano – sob o qual se formaram gerações de lingüistas – está falido. Everett, é claro, aposta na segunda hipótese.

Bombando

A tese de Everett sobre como a chamada experiência imediata limita a competência lingüística dos pirahãs saiu do domínio da academia na semana passada e se espalhou como rastilho de pólvora na imprensa popular. Uma reportagem de 20 páginas intitulada «O Intérprete – Será que uma tribo remota da Amazônia virou do avesso nossa compreensão da linguagem?» foi publicada na prestigiosa revista americana The New Yorker e citada por jornais on-line, revistas e blogs nos EUA e no Brasil.
No entanto, no final do mês passado, antes de a New Yorker ir para a banca, um trio de lingüistas dos EUA e do Brasil postou no site especializado LingBuzz um artigo contestando ponto a ponto o trabalho de Everett. Andrew Nevins, da Universidade Harvard, David Pesetsky, colega de Chomsky no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Cilene Rodrigues, da Unicamp, afirmam – com base em trabalhos anteriores do próprio Everett – que o pirahã não apresenta desafio à Gramática Universal.»

N. B.: 1) quanto à catequização dos índios, fico feliz que não tenha sido levada a cabo; cada povo tem sua crença e acredito reprovável que instituições tanto católicas quanto protestantes venham interferir na vida dos índios (que têm sua forma de vida, cultura e língua protegidas pela Constituição brasileira); certamente o «pesquisador» era vinculado ao SIL (Summer Institute of Linguistics), que ainda reflete uma faceta ocidental de «levar a Civilização onde ela não está», quase da mesma maneira que pensavam as potências que retalharam a África no último quartel do século XIX, a velha prepotência de querer levar algo que, não se sabe exatamente se faz falta ou não, ou esses povos não têm sua religião ou crenças, e por que elas não seriam válidas ou tão críveis quanto o Cristianismo? Tão tacanho e cansativo quanto as Testemunhas de Jeová que vêm à nossa porta na manhã dos domingos;

2) quanto à Lingüística, fico alegre que algo venha a quebrar a catequese e a doutrinação feita em algumas instituições de ensino como na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde não se admite mais nada que não seja gerativista, o que é fato engraçado numa instituição que se quer pluralista. Certamente dirão que o pirahã nem mesmo língua é. Vejamos o suceder dos fatos.


domingo, março 04, 2012

Daniel Everett na Veja

Recomendo a entrevista nas páginas amarelas da VEJA com Daniel Everett, "A Linguagem nos Faz Humanos". Ele afirma que Noam Chomsky tem tanto poder por causa de seu proselitismo político (é comuna antiamericano até à alma), e não por sua teoria sobre a linguagem (de que esta seria uma ferramenta inata).

Para Everett, a linguagem é uma ferramenta criada pelos homens, com diferenças culturais importantes. É ela que nos faz humanos, por nos dar o poder da comunicação e, acima de tudo, uma história de identidade. Sabemos quem é nosso avô, ao contrário dos cachorros.

Seguem alguns trechos:

"Acredito que Chomsky só tenha conseguido esse poder que tem hoje de falar o que quiser, mesmo mentiras, por sua atuação política, criticando os Estados Unidos. Graças a esse proselitismo, ganhou uma leva de seguidores, e ergueu-se um muro de defesa em torno dele. Recebo cartas desaforadas e emails violentos por discordar dele. Mas não posso deixar de defender o que acho correto".

"Eu disse a ela que, para mim, Jesus, se existiu mesmo, foi apenas uma pessoa boa, mas não o filho de Deus. Eu me senti livre, dono daquela liberdade de alguém que consegue superar suas crenças e se sente, então, honesto consigo mesmo".

E, por abordar o tema, vejamos a seguir:

Há alguns anos universitários publicaram este texto na internet e para entender, o por quê, basta  ler:

“De arocdo com uma pseuqsia de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Vdaerde!”

Entenderam?