DEPENANDO O PATO
COMO MENTIR COM ESTATÍSTICA
Apesar do que pode sugerir o título, esta coluna não tratará de assuntos culinários. Estamos estreando este espaço com o propósito de cobrir uma lacuna deixada na imprensa local, pela falta de uma crônica política, que trate dos temas atuais (e locais) de forma objetiva, mas com irreverência e informação. Esperamos que você, caro leitor, se encante com os nossos temas e que, principalmente, reflita sobre os assuntos tratados aqui.
Como estréia, usamos o título de uma obra clássica que trata de estatística, como nos casos de pesquisas de opinião. “Como mentir com estatísticas” (How to Lie with Statistics) de autoria de Darrel Huff, publicado em 1964, ainda hoje faz sucesso. O que nos leva falar sobre este assunto é a recente pesquisa divulgada no jornal de um candidato a prefeito (já começa a soar estranho o jornal ser de um candidato), em que lhe dá uma margem avassaladora sobre os demais concorrentes. Os números apresentados até serão verdadeiros, se olharmos por um prisma limitado, o que, na realidade, não é o propósito de uma pesquisa, onde se procura demonstrar a opinião pública.
Como se observa na matéria, há uma distorção produzida intencionalmente. Ora, se um candidato contrata uma pesquisa e divulga os dados de forma mascarada, nos deixa a seguinte dúvida: o que ele quer esconder?
Se analisarmos os dados com um pouco mais de cuidado, poderemos responder esta questão e outras que, também, ele não gostaria que nós percebêssemos. Principalmente, a pesquisa demonstra que uma grande parcela do eleitorado ainda não definiu o seu candidato: 61% não escolheram o seu prefeito. E, neste caso, como ele vem sendo há algum tempo o único candidato em campanha, é sinal que esta grande massa de eleitores não o quer.
Ao contrário dos 71% (êta numerozinho bem de acordo) das intenções de votos que afirmar ter, na realidade ele possui apenas 27,87%, ou seja, menos 43,13 pontos percentuais do que ele quer nos induzir a acreditar. A própria matéria revela, mesmo com a nítida intenção de esconder, que apenas 141 das 506 pessoas votariam naquele candidato do jornal. E, mais uma vez, nos leva a pensar, porque esconder os números reais? Será que ele quer ser identificado como o candidato de um 71? A resposta é óbvia: Ele não conseguiu deslanchar nas pesquisas como seus coordenadores de campanhas esperavam e como ele quer a qualquer custo nos fazer acreditar.
Na matéria do jornal dele, em que é “analisada” a pesquisa, fica clara a intenção de confundir o leitor (e principalmente o eleitor), com a apresentação dos números de forma incongruente e recheada de afirmativas tendenciosas. Parece que no seu comitê de campanha já deve ter acendido a luz amarela, já que ele, sendo o candidato que há mais tempo vem perseguindo a vaga de prefeito (desde 2000), não conseguiu conquistar o número de intenções de votos necessário para garantir a sua vitória em outubro. E, se há mais de um ano, ele vem sendo o único candidato em campanha e, ainda, 61% dos pesquisados não o escolheram, é porque não acreditam nele como sendo o melhor candidato, porque saber que ele é candidato a prefeito todo mundo em Maricá sabe.
Como Darrel Huff já alertava em 1964, muitos grupos se valem de estatísticas para, em manobras articuladas, enganar o povo. E, naquele jornal isso fica nítido. O que o candidato não conseguiu convencer com propostas, procura convencer com subterfúgios. E a pergunta que deixamos para a reflexão do nosso eleitor é a seguinte: um candidato forjado em mentiras será um bom prefeito para Maricá?
Por Zeca do Pilar - publicado no Jornal do Município - junho de 2008 - pág.3 -
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