* Lançamento: Hegemonia às avessas - economia, política e cultura na era da servidão financeira
Imprensa - Boitempo Editorial
imprensa@boitempoeditorial.com.br
De: boitempo3@googlegroups.com em nome de Imprensa - Boitempo Editorial (imprensa@boitempoeditorial.com.br)
Enviada: terça-feira, 21 de setembro de 2010 10:42:53
Lançamento
Hegemonia às avessas
economia, política e cultura na era da servidão financeira
Francisco de Oliveira, Ruy Braga e Cibele Rizek (orgs.)
Lançamento com Francisco de Oliveira, Carlos Nelson Coutinho, Luiz Werneck Vianna,
Cibele S. Rizek e Andre Singer
Dia 23/09, quinta-feira, às 19h30, no anfiteatro de História da FFLCH-USP
Decifra-me ou te devoro!’, ameaçava a Esfinge os viajantes amedrontados, antes de recitar o mais famoso enigma da história. Na verdade, a hegemonia ‘lulista’ representa nossa incontornável esfinge barbuda”, aponta Ruy Braga, um dos organizadores de Hegemonia às avessas: economia, política e cultura na era da servidão financeira, lançado agora pela Boitempo. Nascido a partir do artigo homônimo de Francisco de Oliveira incluído nesta edição, o livro resulta de seminário promovido pelo Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da Universidade de São Paulo (Cenedic), no qual buscou-se analisar os fundamentos econômicos, políticos e culturais “dessa forma sui generis de dominação social que se enraizou no país”, como define Braga na apresentação.
Em seu artigo, Oliveira apontava como, em mundo marcado pela crise capitalista e pelo colapso ambiental, o presidente brasileiro atingiu enorme prestígio ao absorver “transformisticamente” forças sociais antagônicas dentro do Estado, desmobilizando as classes subalternas e os movimentos sociais. Carlos Nelson Coutinho segue a provocação do sociólogo para percorrer o caminho de seu diagnóstico, que verifica nesta conjuntura uma “hegemonia da pequena política”, “quando a política deixa de ser pensada como arena de luta por diferentes propostas de sociedade e passa, portanto, a ser vista como um terreno alheio à vida cotidiana dos indivíduos, como simples administração do existente”. A apatia torna-se um fenômeno de massa, inclusive teorizada como um fator positivo para a conservação da “democracia”.
Como sintetiza Braga, Oliveira “adiantou sua conjectura: no momento em que a ‘direção intelectual e moral’ da sociedade brasileira parecia deslocar-se no sentido das classes subalternas, tendo no comando do aparato de Estado a burocracia sindical oriunda do ‘novo sindicalismo’, a ordem burguesa mostrava-se mais robusta do que nunca. A esse curioso fenômeno em que parte ‘dos de baixo’ dirige o Estado por intermédio do programa ‘dos de cima’ Chico chamou ‘hegemonia às avessas’”.
Trecho da obra
A longa “era da invenção” forneceu a direção moral da sociedade brasileira na resistência à ditadura e alçou a questão da pobreza e da desigualdade ao primeiro plano da política. Chegando ao poder, o PT e Lula criaram o Bolsa Família, que é uma espécie de derrota do apartheid. Mais ainda: ao elegermos Lula, parecia ter sido borrado para sempre o preconceito de classe e destruídas as barreiras da desigualdade. Ao elevar-se à condição de condottiere e de mito, como as recentes eleições parecem comprovar, Lula despolitiza a questão da pobreza e da desigualdade. Ele as transforma em problemas de administração, derrota o suposto representante das burguesias – o PSDB, o que é inteiramente falso – e funcionaliza a pobreza. Esta, assim, poderia ser trabalhada no capitalismo contemporâneo como uma questão administrativa.
Já no primeiro mandato, Lula havia sequestrado os movimentos sociais e a organização da sociedade civil. O velho argumento leninista-stalinista de que os sindicatos não teriam função num sistema controlado pela classe operária ressurgiu no Brasil de forma matizada. Lula nomeou como ministros do Trabalho ex-sindicalistas influentes na CUT. Outros sindicalistas estão à frente dos poderosos fundos de pensão das estatais. Os movimentos sociais praticamente desapareceram da agenda política. (Do artigo “Hegemonia às avessas”, de Francisco de Oliveira)
Sumário
Apresentação e Homenagem
Ruy Braga
1. HEGEMONIA ÀS AVESSAS: DECIFRA-ME OU TE DEVORO!
Hegemonia às avessas
Francisco de Oliveira
A hegemonia da pequena política
Carlos Nelson Coutinho
2. TRABALHO E CAPITALISMO, ANTES E APÓS O DESMANCHE
O trabalho precário nos Estados Unidos
Arne L. Kalleberg
Trabalho e regresso: entre desregulação e re-regulação
Leonardo Mello e Silva
Política e arte na verdade e na ficção do trabalho: elementos para uma comparação história entre o Oriente socialista e o Ocidente capitalista
Yves Cohen
Capitalismo financeiro, estado de emergência econômico e hegemonia às avessas no Brasil
Leda Maria Paulani
3. CULTURA, CIDADE E SERVIDÃO FINANCEIRA
A cultura da servidão financeira: uma leitura às avessas
Maria Elisa Cevasco
Moedas e moedeiros (e um pintor na contramão)
Luiz Renato Martins
A renda da forma na arquitetura da era financeira
Pedro Fiori Arantes
Cidades para poucos ou para todos? Impasses da democratização das cidades no Brasil e os riscos de um “urbanismo às avessas”
João Sette Whitaker Ferreira
Verde, amarelo, azul e branco: o fetiche de uma mercadoria ou seu segredo
Cibele Rizek
4. AMÉRICA LATINA E ÁFRICA DO SUL NA ENCRUZILHADA
A teoria da conjuntura e a crise contemporânea
Carlos Eduardo Martins
Construindo a hegemonia na América Latina: democracia e livre mercado, associações empresariais e sistema financeiro
Ary Cesar Minella
Que tipo de liderança é Chávez?
Gilberto Maringoni
A desorientação do “Estado desenvolvimentista” na África do Sul
Patrick Bond
Do apartheid ao neoliberalismo
José Luís Cabaço
5. O SOCIALISMO APÓS O DESMANCHE
Reencontrando o comunismo da emancipação
Álvaro Bianchi
Política como práxis: Hegemonia às avessas, um exercício teórico
Wolfgang Leo Maar
O avesso do avesso
Francisco de Oliveira
Sobre os organizadores
Francisco de Oliveira, professor titular aposentado de Sociologia da USP, é autor de extensa obra, da qual destacamos Noiva da revolução: elegia para uma re(li)gião (São Paulo, Boitempo, 2008), Crítica à razão dualista: o ornitorrinco (São Paulo, Boitempo, 2003) e Os direitos do antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita (Petrópolis, Vozes, 1998).
Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia da USP e diretor do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic) da USP, é autor, entre outros livros, de Por uma sociologia pública (São Paulo, Alameda, 2009), em coautoria com Michael Burawoy, e A nostalgia do fordismo: modernização e crise na teoria da sociedade salarial (São Paulo, Xamã, 2003).
Cibele Rizek, mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doutora em Sociologia pela USP e livre-docente pela mesma instituição, é professora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos – USP. Coorganizadora dos livros A era da indeterminação (São Paulo, Boitempo, 2007) e France/Brésil: politiques de la question sociale (Caen, Presses Universitaires de Caen, 2000).
Ficha técnica
Título: Hegemonia às avessas
Subtítulo: Economia, política e cultura na era da servidão financeira
Organizadores: Francisco de Oliveira, Ruy Braga e Cibele Rizek
Orelha: André Singer
Páginas: 400
Preço: R$ 48,00
ISBN: 978-85-7559-164-2
Editora: Boitempo (Coleção Estado de Sítio)
Boitempo Editorial
www.boitempoeditorial.com.br
Blog - http://boitempoeditorial.wordpress.com
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não permitimos injúria, calúnia ou difamação nos comentários. A moderação será usada apenas nestes casos. Agradecemos a colaboração dos usuários.
O comentário não representa a opinião do blog, a responsabilidade é do autor da mensagem.