ALMA GEMEA - ALMAS GÊMEAS
Contos
ALMAS GÊMEAS
12/09/2008 - JOSÉ DAS NEVES NETTO
Fora convidado para almoçar com um casal de amigos. Ele tranqüilo, sábio, sereno, comedido; ela transbordante de energia, agitada, sonhadora, talvez lhe faltando um pouco do elemento terra. Os dois juntos formando uma daquelas sonhadas parcerias, que somente se alcança ao longo de muitas e muitas passagens por esta terra de nosso Senhor. Aceitara de pronto. Eram pessoas mais que amigas, eram daquelas pessoas que irradiam, infundem uma profunda paz em tudo, em todos quantos deles se aproximem! E moravam numa dessas residências que muito poucas pessoas conseguem possuir: simples, belas, aconchegantes, sempre muito bem cuidadas. Todo esse agradável acrescido de algo indefinível, como se cada pedaço de madeira, cada porção do piso, as próprias flores, os pássaros e os animais domésticos estivessem impregnados do admirável modo de ser que eles possuíam e espalhavam ao seu redor.
Em a noite anterior ao dia do almoço, tivera dois sonhos que muito o impressionaram e ansiava por relatá-los ao amigo. Tinha certeza de que, ao trazer à luz impressões profundas, faria desaparecer de sua mente o sofrimento que essas impressões lhe causavam.
Tão logo se acomodou numa das agradáveis cadeiras espalhadas pela varanda, frente para o espaço interior, visão de beija-flores amigos da casa, foi logo dizendo:
Tive uns sonhos aborrecidos, cara!
- Já sei. Daqueles que insistem em não acabar quando a gente acorda? Como se fizessem parte da nossa própria realidade?
- Exatamente!
- Já consegue falar dele?
- Acho que sim.
- Então não se preocupe com o nexo. Vai falando na medida em que for lembrando. Facilita perceber a importância de cada fragmento no todo.
- Tudo bem. O que eu mais sentia era uma tremenda angústia, uma vontade de voltar para casa sem saber para qual casa voltar, assim como se nenhuma das tantas casas onde vivi fosse agora a minha própria casa. Foi quando a vi passando ao longe e quis dela me aproximar. Sentia a certeza de que ela saberia me conduzir de volta para casa. Eu a vi através das grades que cercavam o local onde me encontrava. Alcancei o portão. Ele estava trancado com um cadeado. Percebi que o cadeado estava destravado. Tentei removê-lo e abrir o portão, mas por mais que fizesse força, meus esforços nada conseguiam movimentar. Ela estava se afastando para cada vez mais longe. Foi quando tive a idéia de passar por entre as estreitas grades daquela cerca, o que consegui facilmente. Mas nesse esforço, nessa perda de tempo, ela desapareceu e o sonho acabou. Acordei com a angústia de querer voltar sem saber para onde e a certeza de que somente ela poderia me confortar!
- Depois você me fala dela. Agora, me diz se você, logo que se acalmou, não percebeu que se tratava da realidade de outra pessoa e não “sua” realidade?
- Percebi, sim, cara. E é isto que está pegando!
- Eu penso que pela minha mente passava a angústia de um amigo tragicamente falecido.
- Então “ela” era na realidade uma ligação forte dele, e não sua?
- Na verdade, minha também. Preciso explicar melhor: desde o primeiro momento em que dela me aproximei – e isso aconteceu há muitos anos passados – senti um encanto fora do comum, coisa que nunca antes experimentara!
- Ela era assim tão bonita, tão gostosa, tão atraente? - quis saber Val.
- Não. Não foi nada disto. Embora ela fosse, ainda é, muito bonita. Mas o que mais senti naquele primeiro momento foi encanto e temor!
- Como assim? Vocês homens são todos movidos a sexo e atração!
- Nem sempre, irmãzinha. Nem sempre. E você sabe bem disto. O fundamento principal do seu relacionamento hoje é uma profunda amizade e entendimento, além dos laços de família, não é mesmo?
- Correto. Você tem razão.
- Pois bem, o que senti naquele primeiro instante foi uma antecipação e uma certeza daquilo que você, depois de tantos anos passados, vive hoje com seu marido.
- Agora você me deixou muito curiosa. Como é que podem acontecer coisas assim?
- Pedro riu um riso gostoso. Depois justificou: interessante como as lendas às vezes se fazem tão reais! Falo da cortina de Pargod, que Enoch observou no céu de Arabot. Lembram?
- Lembro.
- Eu também me lembro, confirmou Val.
- Isto quer dizer que ela é minha alma-gêmea?
Minha idéia de alma gêmea permanece aquele que o rabino Saltoun nos ensinou naquele curso em Curitiba: uma companheira que, alcançada sua própria perfeição, reencarna outra vez somente para nos ajudar a resgatar, na terceira e última chance, um carma ou pecado capital muito difícil de ser superado. Isto tudo na base da pressão e do castigo. A idéia de um relacionamento idílico não passa, para mim, de auto-engano. Depois de uns instantes de reflexão, Pedro continuou:
Relembrando os fios de ouro e suas composições, parece mais que vocês todos, ela e ele, inclusive, são companheiros cármicos. Ele se afastou para compor outros desenhos com outros companheiros e companheiras. Vocês seguirão juntos, certamente que seguirão juntos, para vivenciar outras experiências, adquirir outros conhecimentos.
- Esta possibilidade me encanta e me assusta, confesso. Mas que me resta fazer, mestre?
- Nada. Apenas fazer! Diz pra mim: você tem alguma memória passada dela? Quero dizer, não memórias concretas, mas abstratas, intuitivas?
- Aí é que o bicho pega. Eu tenho, e muitas! Algo de que nunca falei para ninguém.
- Arrisca falar?
- Sim. A mais forte delas uma quase certeza de que ela já foi minha irmã mais velha.
- Imagina um nome?
- Imagino.
- Algum lugar ou época?
- Também.
- Pedro voltou a seu modo peculiar de sorrir: solto, gostoso.
- Onde a graça, mestre?
- Na sua seriedade e temores.
- Sério?
- Sim, sério!
Antes de começar a explicar ele tomou uma inspiração profunda. Fechou os olhos e começou lentamente a falar:
- Como você sabe, como ensina Jung, sonhos significativos têm componentes muito intimamente ligados à mente do sonhador. Qualquer outra mente ignorará esses componentes e a interpretação resultará incompleta. Mas nos ensinam que existem também outros sonhos que nada têm a ver com a realidade do sonhador. Apenas se expressam em outra mente que se encontre em estado receptivo. No sonho que você acabou de relatar, me parece ocorrerem as duas hipóteses: componentes que nada têm a ver com a sua realidade pessoal, como a volta para casa, e componentes muito íntimos – ela. Pensando bem, ela bem pode ser um componente comum, digo, um componente que tanto pertence à sua mente como à mente, ou consciência, que deu origem ao sonho.
Sem se importar com o resultado de sua interpretação, Pedro passou a servir o chá de ervas especiais que Val depositara sobre a mesa enquanto conversavam.
“N” experimentava agora um enorme alívio. Tão grande quanto a necessidade de dizer a ela que procurasse evitar que seu sofrer perturbasse ainda mais a consciência de seu falecido marido. Coisa difícil, pois desde a tragédia, seus temores e outros fatores estranhos conspiravam para que não mais se encontrassem, não mais se falassem.
Como vimos, existem sonhos e sonhos, continuou Pedro.
- Sonhos e sonhos? - quis saber, mas, nesse exato instante, a esposa do amigo trouxe o almoço e interrompeu o fluxo da conversação, comentando sobre o trabalho que tivera no cultivo dos cogumelos de sol que estava servindo.
Menos de meia hora depois de comer, N começou a sentir-se mal. Puxou um longo hausto, massageou as têmporas, tentou se acomodar melhor.
- Você não está bem?
- Não sei. Meio esquisito!
- Como esquisito? Explica melhor – disse Pedro, o amigo.
- Estranho... Sinto-me estranho! Meio distante!
- Sensação de ausência?
- Como assim?
- De repente, parece que você acabou de chegar. Chegar de não sei onde, mas chegar onde você está. Nesse lugar, nessa situação, nesse corpo... E se eu não voltar mais? Para esse lugar, essa situação, esse corpo?
- Preocupa não – disse Pedro sorrindo. O fenômeno, a sensação, não tem nada a ver com alma, cordão de prata... Aliás, fica tranqüilo que o seu cordão de prata está bem grosso e firme. Posso ver daqui!
- Mas incomoda!
- Respira profunda e lentamente. Manda prana pro cérebro que ele melhora!
- Sente-se melhor agora?
- Não, cara, acho que estou piorando.
- Toma um pouco desse chá, ele vai lhe fazer bem! - ofereceu Val.
- É daqueles seus chás?
- Este é o meu “sonhosbons”. Quer deitar? Eu lhe arranjo uma cama confortável.
- Quero sim, querida. Quero sim.
- Dormir lhe fará bem. Voltar a sonhar será ainda melhor. Fique calmo, não tenha medo e tudo se resolve, aconselhou Pedro.
- Está confortável agora? – ela perguntou, depois de o acomodar em uma cama no quarto de hóspedes.
- Bem...
- Bem o que? – pode dizer.
- É que eu costumo meditar sem roupa nenhuma. Sorry.
- Não seja por isso! Pode ficar a vontade. Como você bem sabe, gosto de homem peludo, não pelado!
- Mas este seu peludo é meio peludo de mais, não acha? Parece que acabou de sair das cavernas! Conta pra mim: como é que foi que ele conquistou você? Deu uma pancada na sua cabeça e lhe arrastou pra cá?
- Não, seu bobo. Foi com muito charme e muito carinho. Não foi tão simples assim! Agora relaxa. Vou lhe cobrir com um lençol e depois você se livra da roupa que tiver atrapalhando o seu relaxar. Fica frio. Se alguma saliência inconveniente acontecer, eu cuido dela com minha melhor faca – ela ameaçou. Depois, rindo gostosamente, acrescentou: vou deixar uma dezena de respeitáveis senhoras na maior solidão.
- Não exagera, não são tantas assim!
Depois que ela se afastou, iniciou sua rotina pessoal de esvaziamento da mente, produzindo mentalmente o som melodioso de seu mantra pessoal. Agradeceu tudo quanto de melhor experimentara naquela manhã. Depois agradeceu também o bom, o menos bom até conseguir encontrar recompensa e significado até mesmo no que de pior experimentara.
Como de hábito, seu metabolismo se modificou e começou a sentir frio. Puxou um cobertor. Depois percebeu quando seus pensamentos começaram a fugir e tomar um curso próprio, misturando fatos, leituras e conversas recentes com antigas memórias. Percebeu quando tudo começou a se transformar em sonho. Um agradável sonho em que as memórias afluíam em toda a sua cor e intensidade. Um sonho quase sem fim, assim como a nossa própria vida, cujo fim somente os outros percebem.
Alegrou-se ao perceber a presença de um antigo companheiro que não pode identificar de pronto. Admirou a elegância simples com que ele se vestia, seu terno impecável, as cores combinando perfeitamente com sua figura. Estendeu-lhe a mão, prazerosamente. Seus olhos lembravam os olhos de um verdadeiro mestre quando ouve atentamente um membro da sua classe.
Agora sentia um corpo. Sentia que possuía um corpo e que se expressava e se localizava através desse corpo, mas o corpo não lhe incomodava ou atrapalhava. Pelo contrário, o corpo acrescentava sensações agradáveis, como a sensação de abraçar um velho amigo.
Subiram por uma longa escadaria, acarpetada. Percebeu que estavam entrando em um cinema escuro e vazio. Há muito tempo não entrava num cinema. Acomodaram-se numa confortável poltrona. Em silêncio, sem nada dizer, o mestre lhe transmitiu algo: iam ver um esboço de filme. Um filme ainda não completamente editado. Mesmo sem nunca ter experimentado ou pelo menos acompanhado o trabalho de um editor, sabia que as seqüências deveriam ter sua aprovação para serem incorporadas ao roteiro final e se transformarem na realidade do filme.
As luzes diminuíram de intensidade e uma musica suave, arrebatadora ocupou todo o ambiente. O proscênio se iluminou.
Uma cortina lentamente se abriu e se transformou no próprio filme. Seus fios de ouro extremamente finos e brilhantes, por um breve momento, penderam soltos e separados. Logo depois se foram entrelaçando, compondo figuras de geometria simples que se tornavam cada vez mais elaboradas, mas sempre deixando perceber claramente o curso de cada fio, perceber como cada um se ajustava aos demais fios para compor uma espécie de rica e artisticamente elaborada peça de tapeçaria. Às vezes um fio se desgarrava, interrompia seu curso junto ao conjunto de fios. Sim. Era essa a impressão. Um conjunto de fios se misturando e alternando dentro do desenho. Mais longe, numa espécie de distância que não era apenas física, mas também temporal, o mesmo fio reaparecia, para se harmonizar novamente com o conjunto de fios a que pertencera e com eles formar novos desenhos. Mas a impressão dominante era de que os fios sempre se acompanhavam; de certa forma, sempre se acompanhavam. As seqüências ficaram confusas. Por um breve lapso de tempo, pareceu-lhe estar no cenário, interagindo com personagens conhecidos e familiares, mas não conseguia lembrar nem de onde nem de quando os conhecia. Tinha, porém, uma absoluta certeza: de algum lugar, de algum ponto comum os conhecia a todos.
Perdido em lembranças da lenda de Enoch diante do trono, não percebeu quando sua percepção alterada o fundiu com as cenas que se projetavam diante de seus olhos. Desaparecera agora a tela de projeção, o feixe luminoso e colorido, a sensação de estar em um local fechado e escuro. Permanecia apenas a agradável e tranqüilizadora sensação de estar bem acompanhado e protegido por um guia e mestre.
- Posso ver de novo o começo, mestre? - perguntou respeitosamente. Perdoe, mas não prestei muita atenção na abertura!
- Ó sim. Não se aborreça com coisas assim tão simples. Você é o dono deste filme. Pode vê-lo e revê-lo quantas vezes quiser!
As imagens correram rapidamente para trás. Houve um ajuste de foco e lentamente tudo começou a fluir novamente em sua ordem natural. A abertura, agora que ele se acostumara a essa nova realidade, parecia ser mostrada bem lentamente.
Viu uma aldeia de casas brancas, linhas retas. Percorreu ruas estreitas. Sentiu a proximidade do mar, a brisa úmida, o cheiro forte de peixe, viu a muralha de pedras que quase circundava a pequena aldeia. Escalou o obstáculo e contemplou o mar azul lá embaixo, a espuma branca malhando a base dos rochedos. Sabia que naquela direção jamais alcançaria chegar ao mar. Seguiu margeando a muralha ladeira abaixo até encontrar o ancoradouro de onde partiam, mas de onde nem sempre voltavam, os pescadores. Uma imensa onda de saudade e nostalgia o acometeu. Trazida pelo vento, um sopro de flauta pan reproduzia antiga canção. A dor de alma era agora quase insuportável. Sentiu suas forças se esgotarem na luta contra ondas enlouquecidas. Depois a embriaguez, o torpor, a estranha leveza e mobilidade de quem não mais carrega consigo o peso do próprio corpo. Mas o incomodo de imensa saudade e ausência continuavam iguais.
- Mestre, quem sente tamanha dor? - perguntou. - - Alguém que muito lhe ama, certamente!
Ficou refletindo, enquanto outras cenas desfilavam diante dos seus olhos. Um olhar e um sorriso prenderam sua atenção.
- Mestre, é ela?
- Eu sabia – alegrou-se o mestre - que você a reconheceria sempre que novamente a reencontrasse!
Somente agora percebia quantas vezes a reencontrara e novamente a perdera! Ela a mãe, a irmã, a mulher, a namorada! Ela sempre amiga e companheira. Somente agora entendia como companheiros cármicos vivenciam situações e conflitos diversos ao longo de várias existências. Somente agora sabia a razão do enorme encanto que sentia por ela!
Ao final, as cenas desapareceram. Um instante de total escuridão e uma luz incidiu diretamente em seus olhos como os primeiros raios de uma nova manhã. Ainda pode formular uma ultima pergunta:
- Mestre poderia ver também o futuro?
- O futuro será como você o imaginar. Bem... Dependerá de suas futuras escolhas combinadas com as escolhas de todos aqueles que mais diretamente convivem ou conviverão com você, além dos desígnios da Providência em benefício de todos, é claro.
- Não. Não é claro! - retrucou. Mas que assim seja!
- Assim seja!
......................................
Despertou. Reconheceu o lugar onde se encontrava. Depois ficou um longo tempo refletindo sobre como sua vida alcançara um ponto de não retorno e como tudo nela se transformaria a partir daí!
Levantou-se em ótimo estado. Despediu-se dos amigos e, rompendo um longo tempo de medo e hesitação, foi direto ao encontro dela.
Quando a encontrou, cumprimentou-a com palavras simples, comuns para aquela circunstância. Ela respondeu com um sorriso que iluminou seu rosto bonito. Seus olhares se perderam um no outro. E depois, por um instante quase eterno, no fundo dos olhos dela, suas almas se reencontraram!
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Almas gêmeas
Postado por Julio às 00:19
13Jun
Um tema recorrente nos corações de todos é o da existência de almas gêmeas, ou seja, espíritos cuja união seria perfeita, ‘foram feitos um para o outro’ como se diz popularmente. Mas, dentro do paradigma espírita, é possível isso?
Primeiramente precisamos considerar que não existem privilégios na criação, todos fomos ‘criados simples e ignorantes’, que com o cadinho da experiência adquirimos conhecimentos e aperfeiçoamos nossa moral. O fato de haverem dois espíritos com destino de se encontrarem vai contra esse princípio e negaria totalmente a premissa de nosso livre-arbítrio. Dentro da Codificação, encontramos algumas perguntas de Kardec a esse respeito no Livro dos Espíritos:
Questão 298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá? “Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”
299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos? “A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”
300. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos? “Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.”
301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita? “A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.”
Grande polêmica se faz acerca da teoria das almas gêmeas por conta do texto de Emmanuel sobre o assunto contido no livro “O Consolador”, em que o Benfeitor considera quando indagado sobre tal teorização:
“No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade. Criadas umas para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que separadas. A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentaram a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam mais intimamente, envolvendo umas para as outras num turbilhão de ansiedades angustiosas; atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida terrestre. Quando se encontram no acervo real para os seus corações – a da ventura de sua união pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte, perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio dissipar, descerrando para todos os espíritos, amantes do bem e da verdade, os horizontes eternos da vida”
Note-se que Emmanuel não contradiz Kardec como alguns forçosamente querem crer. Antes, traça um belo panorama do que o amor, em se tratando de almas afins, que pelejam longos séculos, milênios talvez, juntas, em compromissos ora dolorosos ora sublimes, pode fazer, transformando os seres, que passam a se amparar e galgar juntos seu caminho de ascensão. Não trata, em nenhum momento, das almas gêmeas como metades eternas, mas sim como criaturas cuja perfeita sintonia de pendores as faz credoras de um amor recíproco que atravessa as maiores barreiras, passando a impressão de serem feitas mesmo uma para a outra, tamanha identidade de pensamentos. Não vemos portanto qualquer incongruência entre os textos, já que todos contamos para nossa felicidade com espíritos simpáticos e amorosos devotados a nós em todos os níveis de nossa existência.
Diante disso, munidos no melhor sentimento fraterno, postamos abaixo o belo poema escrito por Emmanuel quando de sua reencarnação em Roma a sua esposa Lívia. A bela imagem das almas gêmeas, entendidas no âmbito das simpatias e dos laços que se perdem nas noites do tempo, continua sendo fonte inspiradora a todos que amam e a todos que querem reaprender a amar...
“Alma gêmea da minhalma, Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída Das belezas da amplidão!...
Quando eu errava no mundo, Triste e só, no meu caminho,
Chegaste, devagarzinho, E encheste-me o coração.
Vinhas na bênção dos deuses, Na divina claridade,
Tecer-me a felicidade Em sorrisos de esplendor!...
És meu tesouro infinito, Juro-te eterna aliança,
Porque sou tua esperança, Como és todo o meu amor!
Alma gêmea da minhalma, Se eu te perder, algum dia,
Serei a escura agonia Da saudade nos seus véus...
Se um dia me abandonares, Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te, entre as flores Da claridade dos céus...”
Poema extraído do livro “Há dois mil anos”, dedicado por Públio Lentulus (reencarnação anterior de Emmanuel em Roma) a sua esposa Lívia.
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Comentários:
Anônimo disse...
Que texto lindu Julio, gostei do que vc escreveu.
obrigada por mais esse conhecimento
Fê
13 de junho de 2009 22:30
Anônimo disse...
estou confusa...alma gemea é bom ou ruim!!!vc saber quem é sua alma gemea nao significa ter um relacionamento amoroso com ele?
16 de abril de 2011 10:34
Julio disse...
Alma gêmea é uma metáfora para espíritos cujos ideais são tão afins que parecem ter sido criados um para o outro... Logo não se deve interpretar de forma literal o termo. O que importa é o amor e a harmonia para que o casal consiga viver bem e elevar-se, não devemos nos preocupar em tentar identificar amores do passado mas sim nos esforçar para não errarmos novamente no presente com pessoas que estragam seu carinho e amor em nosso favor. Júlio
16 de abril de 2011 21:26
2009/06/almas-gemeas.html
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REENCARNAÇÃO E ALMAS GÊMEAS
A novela “Alma Gêmea”, da Rede Globo, tem na sua temática a reencarnação e a questão das almas gêmeas. Quanto à reencarnação, vale esclarecer que o Espírito, após deixar o corpo físico pela morte, normalmente não reencarna de imediato, como deu a entender a novela. Isso porque, retornando ao mundo espiritual, ele necessita geralmente planejar a sua nova existência, com vistas à sua evolução. Depois disso, ao ligar-se ao óvulo fecundado no útero da mãe, o espírito inicia sua nova reencarnação, precisando, a partir daí, de nove meses de gestação para nascer na vida física.
Provas Científicas da Reencarnação
A reencarnação, antes de ser mera questão doutrinária, assenta seu fundamento na palavra de Jesus e na própria Bíblia, sem falar na comprovação do fenômeno reencarnatório pela pesquisa científica, hoje de amplo domínio público.
O Prof. Hamendra N. Banerjee, na qualidade de Diretor do Instituto Indiano de Parapsicologia, pesquisou mais de 1.200 casos de pessoas que tinham nítidas lembranças do que foram em vidas anteriores, ou seja, desde o local onde tinham vivido no passado até nomes de parentes, passando por seus próprios nomes, apelidos e fatos acontecidos com elas. Os dados foram devidamente checados por Banerjee comprovando a reencarnação, embora tenha ele admitido que é possível alguém recordar-se de outras vidas através de uma memória extra-cerebral. No entanto, para nós, espíritas, essa memória, que sobrevive à morte do corpo físico e volta a existir em outra roupagem carnal, chama-se espírito reencarnado.
Um fato observado pelo Professor Banerjee trata da reencarnação em sexos opostos. Gnana, com três anos de idade, afirmava ter sido o menino Tiillekeratne, que morrera aos 11 anos. Quando levada a casa em que morara na outra vida, a menina ficou muito contente ao reconhecer a irmã e manifestou aversão ao irmão com quem brigara pouco antes de morrer.
Marcas de Nascença
Ao pesquisar o caso das gêmeas Gillian e Jenifer Pollock, nascidas em uma família católica na Inglaterra, Barnejee comprovou que elas na vida anterior tinham sido as irmãs Joana, de onze anos, e Jacqueline, de sete. Elas haviam morrido de mãos dadas, vítimas de atropelamento. Ao reencarnarem do mesmo pai e da mesma mãe, as gêmeas começaram a falar de suas vidas passadas, inclusive relatando com detalhes o acidente que sofreram. Este caso está relatado no livro Vida Pretérita e Futura, fruto de 25 anos de estudos sobre a reencarnação.
O Prof. Barnejee verificou que a menina Jenifer tinha no seu corpo uma cicatriz muito branca, idêntica a que tinha Jacqueline, a mais nova das duas meninas mortas. Jenifer também apresentava marca de nascença de cor vermelhoescura, do tamanho aproximado de uma moeda, situada no quadril esquerdo. A marca era também igual em forma, tamanho, cor e localização à que Jacqueline apresentava na encarnação passada.
Como pesquisador da reencarnação, tenho no meu arquivo todas as fotos desses casos, e de outros investigados por Barnejee, publicados na revista “O Cruzeiro”, de 22 de setembro de 1971, como o caso do menino Nejati, que nasceu com a marca do ferimento de uma punhalada sofrida em outra encarnação, quando se chamava Nagib Budak. Além disso, quando levado à casa de sua família anterior, Nejati reconheceu parentes de sua vida passada.
No Brasil, o Delegado João Alberto Fiorini pesquisou uma jovem que se recordava de ter sido a poetisa portuguesa Eugênia Infante da Câmara, ligada à vida amorosa de Castro Alves. Um dos fatos que serviram como prova reencarnatória foi à referência que o poeta fazia à mancha que Eugênia tinha no seio esquerdo, igualmente a que apresentava, no mesmo local, a jovem brasileira.
Almas Gêmeas
Com referência ao significado da expressão “almas gêmeas” do ponto de vista do Espiritismo, são aquelas que se buscam por uma grande afinidade, tanto quando estão encarnadas na Terra quanto no plano espiritual. A ligação prossegue até elas atingirem o estágio da perfeição. Portanto, a expressão “almas gêmeas” não quer dizer “almas que foram criadas ao mesmo tempo para viverem juntas por toda a eternidade”, pois Deus não cria almas aos pares. Convém também não confundir almas gêmeas com metades eternas, pois isso não existe. Afinal, se um espírito fosse a metade do outro, é lógico que, separados os dois, ambos estariam incompletos, segundo se entende da questão 299 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
No romance histórico Há Dois Mil Anos, psicografado pelo médium Chico Xavier, o autor espiritual Emmanuel conta a saga de sua reencarnação como o Senador Romano Publius Lentulus, quando teve um marcante encontro com Jesus.
Na obra, encontramos a inspirada letra da música “Alma Gêmea”, cantada pelo então Senador para sua esposa Lívia, morta na arena de um circo romano por aceitar e vivenciar os ensinos pregados por Jesus. Aliás, ainda segundo Chico Xavier, a ligação afetiva entre os Espíritos de Públius Lentulus e Lívia perdura até os dias de hoje.
Gerson Simões Monteiro é Presidente da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso.
e-mail: gerson@radioriodejaneiro.am.br
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ALMAS GÊMEAS
"Uma alma gêmea é alguém a quem nos sentimos profundamente ligados, como se a comunicação e a comunhão que ocorrem entre nós não fossem produtos de esforços intencionais, mas de graça divina.
Este tipo de relacionamento é tão importante para a alma que muitos já disseram que não há nada mais precioso na vida."
ALMAS GÊMEAS são imagens, refletidas em um espelho de cristal, de almas colocadas em corpos físicos diferentes.
ALMA GÊMEA é aquela parcela de um eu expressa de forma completa e perfeita em outrem, por quem nos sentimos atraídos e por quem nutrimos afeto e amor incondicional e total.
ALMA GÊMEA é a melhor parte ou parcela de alguém; alguém já evoluído, um ser já refinado e apurado, melhorado, lapidado e aprimorado refletido em outro alguém com quem guarda semelhanças e similaridade de sentimentos, atitudes, posturas e elevação.
Podemos encontrar almas gêmeas em muitas formas diferentes de relacionamento - amizade, casamento, trabalho, lazer, família. É um modo raro de intimidade, mas não se limita a uma pessoa ou forma.
Quando Almas Gêmeas encarnam como par amoroso, numa figura masculina e outra feminina, sua relação é fecunda, tranqüila, serena, harmoniosa e baseada fundamentalmente no amor, na compreensão, no respeito e ajuda mútua.
Dificilmente brigam e, quando isso acontece, a razão da briga é rapidamente solucionada, existe um enorme sentimento de perdão.
Em alguma oportunidade de suas vidas passadas elas foram aquilo que podemos chamar de CHAMAS ARDENTES.
Em um dia essas mesmas almas, que hoje são chamadas ou entendidas como Almas Gêmeas, evoluirão e se tornarão ainda mais unidas, mais próximas e mais divinizadas. Então poderão ser chamadas de COMPLEMENTOS DIVINOS.
Almas Gêmeas - Reencarnação
Ligações Cármicas e Ligações Amorosas
Luanda Kaly
espiritismo/estudos/almas_gemeas.asp
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Almas gêmeas
Não há almas que desde suas origens, estejam predestinadas a união. Cada um de nós não tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia reunirá. Não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.
[9a - página 185 questão 298]
No caminho dos homens é ainda o amor que preside a todas as atividades da existência em família e em sociedade.
Reconhecida a sua luz divina em todos os ambientes, observaremos a união dos seres como um ponto sagrado de referência dessa lei única que dirige o Universo.
[41a -página 184 questão322]
No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade.
Criadas umas para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que separadas. A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentam a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam mais intimamente, evolvendo umas para as outras, num turbilhão de ansiedades angustiosas, atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida terrestre. Quando se encontram, no acervo dos trabalhos humanos, sentem-se de posse da felicidade real para os seus corações — a da ventura de sua união, pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação_pela_morte, perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio dissipar, descerrando para todos os espíritos, amantes do bem e da verdade, os horizontes eternos da vida.
[41a - página 185 questão 323]
O Universo é o plano infinito que o pensamento divino povoou de ilimitadas e intraduzíveis belezas.
Para todos nós, o primeiro instante da criação do ser está mergulhado num suave mistério, assim como também a atração profunda e inexplicável que arrasta uma alma para outra, no instituto dos trabalhos, das experiências e das provas, no caminho infinito do Tempo.
A ligação das almas gêmeas repousa, para o nosso conhecimento relativo, nos desígnios divinos, insondáveis na sua sagrada origem, constituindo a fonte vital do interesse das criaturas para as edificações da vida.
Separadas ou unidas, nas experiências do mundo, as almas irmãs caminham, ansiosas, pela união e pela harmonia supremas, até que se integrem, no plano espiritual, onde se reúnem para sempre na mais sublime expressão de amor divino, finalidade profunda de todas as cogitações do ser, no dédalo do destino.
[41a - página 186 questão 325]
Resposta de Emmanuel em atenção às objeções da editora (FEB), em relação à aparente divergência entre os textos acima:
“Meu amigo, Deus te abençoe o coração nas lutas materiais. Agradecendo o teu carinho fraterno, na colaboração amiga e sincera de sempre, peço a modificação do texto, do novo trabalho, que deverá ser apresentado nos seguintes termos:
— “Grande número de almas desencarnadas nas Ilusões da vida física, guardadas quase que integralmente no intimo, conservam-se, por algum tempo, incapazes de apreender as vibrações do plano espiritual superior, sendo conduzidas pelos seus guias e amigos redimidos às reuniões fraternas do Espiritismo evangélico, onde, sob as vistas amoráveis desses mesmos mentores do plano invisível, se processam os dispositivos da lei de cooperação e benefícios mútuos, que rege os fenômenos da vida nos dois planos.”
“Devo o pequeno equivoco observado, concedendo à matéria certos ascendentes que só pertencem ao espírito, a perturbações do método de “filtragem mediúnica”, onde o nosso pensamento foi prejudicado.
“Solicitando essa modificação, pediria a conservação, no texto, da humilde exposição relativa à tese das “almas gêmeas”, ainda que, em consciência, sejam os amigos da Casa de Ismael compelidos à apresentação de uma ressalva, em obediência à lealdade de respeitável ponto de vista. A tese, todavia, é mais complexa do que parece ao primeiro exame, e sugere mais vasta meditação às tendências do século, no capítulo do “divorcismo” e do “pansexualismo”, que a ciência menos construtiva vem lançando nos espíritos, mesmo porque, com a expressão “almas gêmeas”, não desejamos dizer “metades eternas”, e ninguém, a rigor, pode estribar-se no enunciado para desistir de veneráveis compromissos assumidos na escola redentora do mundo, sob pena de aumentar os próprios débitos, com difíceis obrigações à frente da Lei.”
[41a - página 231 ]
A resposta dada no Livro dos Espíritos: "Não há almas que desde suas origens, estejam predestinadas a união", condiz com o princípio básico do livre-arbítrio.
Sendo gêmeas desde a criação possuiriam características semelhantes e distintamente das demais. Realmente, seria difícil imaginar que Deus tivesse criado, originalmente, pares de espíritos.
Nossas observações sobre os textos acima, de Emmanuel:
• Emmanuel: "No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade."
• Emmanuel: "CriadaS umaS para aS outraS"
----- (não significa: criada, fatalmente, uma para a outra)
• Emmanuel: "A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível."
----- (a união perene é uma condição que deve ser conquistada - é uma aspiração)
• Emmanuel: "Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentam a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa"
----- (Deus não condiciona, fatalmente, a evolução de uma alma à de outra.)
• Emmanuel: "Para todos nós, o primeiro instante da criação do ser está mergulhado num suave mistério, assim como também a atração profunda e inexplicável que arrasta uma alma para outra"
---- (neste parágrafo Emmanuel ratifica nossa primeira observação acima. E, destaca o mistério do instante da criação dos seres. Portando, não entra em contradição com a questão no Livro dos Espíritos.)
• Emmanuel: "Separadas ou unidas, nas experiências do mundo, as almas irmãs caminham, ansiosas, pela união e pela harmonia supremas, até que se integrem, no plano espiritual"
---- (deixa a entender que a integração, de fato, ocorre no plano espiritual em estágio de harmonia suprema.)
• Emmanuel: "com a expressão almas gêmeas, não desejamos dizer metades eternas”
É justo lembrar que nas primeiras páginas do Antigo Testamento, base da Revelação Divina, está registrado: “e Deus considerou que o homem não devia ficar só”.
[41a - página 186 questão 324]
GENESE [2]
• 18 Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.
• 24 Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.
Não devemos esquecer que a Terra ainda é uma escola de lutas regeneradoras ou expiatórias, onde o homem pode consorciar-se várias vezes, sem que a sua união matrimonial se efetue com a alma gêmea da sua, muitas vezes distante da esfera material.
A criatura transviada, até que se espiritualize para a compreensão desses laços sublimes, está submetida, no mapa de suas provações, a tais experiências, por vezes pesadas e dolorosas.
A situação de inquietude e subversão de valores na alma humana justifica essa provação terrestre, caracterizada pela distância dos Espíritos amados, que se encontram num plano de compreensão superior, os quais, longe de desdenharem as boas experiências dos companheiros de seus afetos, buscam facultar-lhes com a máxima dedicação, de modo a facilitar o seu avanço direto às mais elevadas conquistas espirituais.
[41a - página 188 questão 328]
Os Espíritos_superiores não ficam propriamente ligados ao orbe terreno, mas não perdem o interesse afetivo pelos seres amados que deixaram no mundo, pelos quais trabalham com ardor, impulsionando-os na estrada das lutas redentoras, em busca das culminâncias da perfeição.
A saudade, nessas almas santificadas e puras, é muito mais sublime e mais forte, por nascer de uma sensibilidade superior, salientando-se que, convertida num interesse divino, opera as grandes abnegações do Céu, que seguem os passos vacilantes do Espírito encarnado, através de sua peregrinação expiatória ou redentora na face da Terra.
[41a - página 188 questão 329]
O amor das almas gêmeas não pode constituir restrição ao amor universal, porquaSnto, atingida a culminância evolutiva, todas as expressões afetivas se irmanam na conquista do amor divino. O amor das almas gêmeas, em suma, é aquele que o Espírito, um dia, sentirá pela Humanidade inteira.
[41a - página 187 questão 326]
É oportuno lembrar que, em muitas famílias, o amor existente entre os casais, que poderíamos considerar almas gêmeas, ainda é menor do que o amor para com os seus filhos. Temos que entender melhor o sentido de Almas gêmeas. Isto é, considerarmos a família espiritual (almas gêmeas - simpáticas - afins).
André_Luiz (espírito), cita exemplo de casal de encarnados: Adelino e Raquel são Espíritos associados de muitas existências em comum, partilham o mesmo cálice de dores e alegrias terrestres. Na atualidade, durante o sono, seus corpos repousam um ao lado do outro, no mesmo leito; entretanto, cada um vive em plano mental diferente. E muito difícil estarem reunidas nos laços domésticos as almas da mesma esfera.
• Raquel, durante a emancipação de sua alma, fora dos veículos de carne, pode ver a avozinha, com quem se encontra ligada no mesmo círculo de elevação.
• Adelino, porém, somente poderá ver Segismundo, com quem se encontra imantado_pelas_forças do ódio que ele deixou, imprudentemente, desenvolver-se, de novo, em seu coração...
[16a - página 176 ] - André Luiz
Texto extraído do livro "Há 2000 anos", 29ª edição - página 130 ...
EPISÓDIOS DA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO NO SÉCULO I
Romance de EMMANUEL, psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
... "Jamais fiz uma viagem tão penosa e tão infeliz! Gênios malditos parecem presidir as minhas atividades na Palestina, porque, se curei uma filha, perdi um filhinho no desconhecido e começo a perder a mulher no abismo das irreflexões e da incoerência; e acabarei, também, perdendo-me para sempre.
Dizendo-o, bateu a porta com toda a força dos seus movimentos instintivos, encaminhando-se ao gabinete, enquanto a esposa, de coração genuflexo, dirigia o pensamento para aquele Jesus carinhoso e terno, que viera ao mundo para salvar todos os pecadores. Lágrimas dolorosas fluíam-lhe dos olhos, fixos ainda na paisagem do lago de Genesaré, aonde parecia haver regressado em espírito, novamente. Lá estava o Mestre, em atitudes doces de prece, cravando nas estrelas do céu os olhos fulgurantes.
Figurou-se-lhe que Jesus também lhe notara a presença naquela hora sombria da noite, porque desviara o olhar fúlgido do firmamento constelado e estendia-lhe os braços compassivos e misericordiosos, exclamando com infinita doçura:
- Filha, deixa que chorem os teus olhos as imperfeições da alma que o Nosso Pai destinou para gêmea da tua!... Não esperes deste mundo mais que lágrimas e padecimentos, porque é na dor que os corações se dulcificam para o céu... Um momento chegará em que te sentirás no cume das aflições, mas não duvides da minha misericórdia, porque no momento oportuno, quando todos te desprezarem, eu te chamarei ao meu reino de divinas esperanças, onde poderás aguardar teu esposo, no curso incessante dos séculos!...
... Todavia, a esposa do senador compreendeu que não fôra vítima de uma perturbação alucinatória, e guardou, com amor, no âmago do coração, as doces palavras do Messias."
As almas, quando associadas entre si, vivem ligadas uma às outras pela imanação magnética, superando obstáculos e distâncias.
[28a - páginas 154; 193] - André Luiz - 1954
Todos nos destinamos ao Amor Eterno e no entanto, para alcançar o objetivo supremo, cada qual de nós possui um caminho próprio. Para a maioria das criaturas, o encontro do amor ideal assemelha-se, de algum modo, à procura do ouro nas minas ou de diamante nas catas. É indispensável peneirar o cascalho ou mergulhar as mãos no barro do mundo, a fim de encontrá-lo. Sempre que amamos profundamente a alguém, transformamos esse alguém no espelho de nossos próprios sonhos... Passamos a ver-nos na pessoa que se nos transforma em objeto da afeição.
• Se essa criatura efetivamente nos reflete a alma, o carinho mútuo cresce cada vez mais, assegurando-nos o clima de encorajamento e alegria para a viagem nem sempre fácil da evolução. Nessa hipótese, teremos obtido apoio seguro para a subida do acrisolamento moral...
• Em caso contrário, a pessoa a que particularmente nos devotamos acaba devolvendo-nos os próprios reflexos, à maneira de um banco que nos restituisse ou estragasse os investimentos por desistência ou incapacidade de zelar por nossos interesses. Então, surgem para nós aquelas posições espirituais que nomeamos por mágoa, desencanto, indiferença, desilusão...
Caminhamos na existência pelas vias da afinidade, de afeição em afeição, até achar aquela afeição inesquecível que se nos levante na vida por chama de amor eterno. Mas entendendo-se o conceito de afeição, sem a estreiteza do sexo, de vez que a ligação esponsalícia, embora sublime, é apenas uma das manifestações do amor em si. Determinado homem ou determinada mulher podem confirmar na esposa ou no esposo a presença do seu tipo ideal; entretanto, talvez prossigam, após o casamento, mais intimamente vinculados ao coração materno ou ao espírito paternal... E, às vezes, somente encontrarão o laço de eleição num dos filhos. Em amor, a afinidade é o que conta...
A reencarnação é também recapitulação. Muitos casais no mundo se constituem de espíritos que se reencontram para a consecução de afazeres determinados. A princípio, os sentimentos se lhes justapõem, no setor da afinidade, como as crenas de duas rodas que se completam para fazer funcionar o engenho do matrimônio. .. Depois, percebem que é imperioso burilar outras peças dessa máquina viva, a fim de que ela produza as bênçãos esperadas. Isso exige compreensão, respeito mútuo, trabalho constante, espírito de sacrifício. Se uma das partes ou ambas as partes se confiam a desentendimento, a obra encetada ou reencetada vem a cair...
Aquele dos cônjuges que lesou o ajuste, ou ambos, conforme as raízes da desunião, devem esperar pela obtenção de novas oportunidades no tempo para a reconstrução do amor que dilapidaram.
A união conjugal de duas criaturas que se amam, quando interrompida pela morte no mundo, pode ser reatada no Plano Espiritual, se os cônjuges realmente se amam...
Aquele que ama sinceramente continua trabalhando, neste lado da vida, pelo outro que não lhe guarda na Terra a mesma altura de sentimento, aprimorando a obra do amor em outros aspectos, que não o da afetividade esponsalícia...
... O amor conjugal, quando se exprime em bases do amor puro, continua vibrando no mesmo diapasão entre dois mundos, sem que a permuta de energias de um cônjuge para outro venha a sofrer solução de continuidade
[73 - página 138; 141] - André Luiz
Para os laços_do_casamento se perpetuarem depende inteiramente da semelhança dos gostos e da igualdade do desenvolvimento. No caso em que essa conformidade exista, os Espíritos podem progredir lado a lado. Em nosso estado sabemos somente que a comunidade de gostos e de associações permite àqueles que estão no mesmo nível desenvolverem-se por um auxílio mútuo.
Para nós, tudo está subordinado à educação do Espírito, que se deve desenvolver sem cessar. Só entre almas congêneres pode haver comunidade de interesse; por conseqüência, nenhum laço pode ser perpetuado se não há ocasião de progresso.
• Os laços antipáticos, que envenenaram a vida terrestre da alma e embaraçaram a sua ascensão progressiva, cessam com a existência corpórea.
• A união das almas, para as quais a encarnação material foi uma fonte de apoio, de assistência, é dilatada depois da libertação do espírito.
Os laços afetuosos que unem as almas são a maior excitação ao desenvolvimento mútuo. As relações são, pois, perpetuadas, não porque tenham uma vez existido, mas porque, na eterna adaptação das coisas, servem à educação do espírito. Em tais casos, o laço do casamento torna-se uma aliança de sólida amizade, durável e fortificada pelo auxílio e o progresso mútuos.
Todas as almas que se amparam mutuamente ficam em relações afetuosas até o momento em que lhes é mais útil separarem-se. Quando a ocasião chega, elas se afastam sem constrangimento, pois podem comunicar-se ainda e tomar parte no que interessa a uma e a outra. Uma lei contrária só faria perpetuar males e sustaria a marcha do progresso; mas não é permitido a ninguém fazer isso.
As almas que, sem estarem exatamente no mesmo nível mental e moral, estiverem repletas de amor mútuo não podem jamais ser realmente separadas. As considerações de tempo e de espaço impedem-vos de compreender o nosso estado. Não podeis adivinhar como os Espíritos possam permanecer a uma grande distância, conforme a vossa noção de espaço, sem cessar de estar, como o diríeis, intimamente unidos. Não conhecemos nem tempo nem espaço. Só podemos viver em união íntima com um Espírito no mesmo nível mental e progressivo. Na verdade qualquer outra união ser-nos-ia impossível. Uma alma pode estar ligada, por afeição, a uma outra, sem a íntima relação que temos em vista, falando do mesmo nível de desenvolvimento. O amor une os Espíritos a qualquer distância. Em vosso baixo estado de existência o vedes. O irmão ama o irmão, apesar dos oceanos que os separam, dos longos anos decorridos sem se verem nem se falarem. Suas ocupações podem ser inteiramente diferentes, é possível que não tenham nenhuma idéia em comum, e entretanto se amam. A mulher ama o bruto degradado que lhe mutila o corpo e esforça-se para esmagar-lhe o espírito. A hora da dissolução a libertará do jugo e da dor; ela se elevará, ele cairá; mas o laço do amor não será ainda quebrado, posto que os seus Espíritos não possam mais viver em comum. Mesmo aqui, o espaço é nulo, inexistente para nós.
Assim podeis vagamente compreender o que entendemos por união, identidade de desenvolvimento, comunidade de interesses, progressão mútua e afetuosa. Não conhecemos os laços indissolúveis de que se ocupa esse mundo.
[108 - página 74 / 75] - Médium: William Stainton Moses - (1839 - 1892)
Alma Gêmea (Soul mate) - Elizabete Lacerda
http://www.youtube.com/
watch?v=ILoYxnTjV1Q&feature=player_embedded
Ver também:
• A crise da morte
• Alimentação dos Espíritos
• Alimento Espiritual
• Amor - Fonte da vida
• Casa / Lar
• Conduta afetiva
• Cônjuges
• Disciplina afetiva
• Hereditariedade e Afinidade
• Matrimônio e Divórcio
• Poligamia e Monogamia
• Separação entre cônjuges espirituais
• Simpatia entre espíritos
• Simpatia terrena
• União de qualidade
• União dos seres
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As Almas-Gêmeas ou metades eternas
Por José Carlos Leal
25 de fevereiro de 2007
Como surgiu a idéia de Almas-Gêmeas?
O conceito de alma-gêmea ou metades eternas tem a sua origem em um diálogo de Platão, intitulado O Banquete. O termo grego com que se designaria o fato de um ser ter, ao mesmo tempo, duas natureza sexuais é androginia ou hermafroditismo. A primeira palavra é formada por dois radicais gregos: andros, que significa homem e ginecon, que quer dizer mulher. A segunda resulta da associação de dois termos também gregos : Hermes e Afrodite.
O mito dos andróginos contado por Platão, em linhas gerais, é o seguinte: em tempos imemoriais (tempos míticos) os homens que viviam sobre a terra possuíam dupla sexualidade, sendo, a um só tempos masculinos e femininos. Esses homens eram ousados, tão ousados que chegaram a desafiar os deuses imortais. Os deuses, assustados com a possibilidade de um ataque humano à morada dos deuses no Monte Olimpo reuniram-se em assembléia para discutir como anular a ameaça humana. Depois de muitos e acalorados debates, chegaram à conclusão de que , como legítima defesa de suas prerrogativas, só havia uma coisa a fazer: separar os humanos, pois era a sua dupla natureza que os fazia fortes. Por certo separados seriam muito mais fracos e não pensariam mais em ameaçar os deuses.
Assim resolvido, os deuses vieram à terra e cortaram, no meio certo, os andróginos deixando o umbigo como a marca da ousadia deles. O plano divino deu resultado porque os homens separados passaram, desesperadamente, a procurar as suas metades e, não as encontrando, ficaram infelizes e nada melhor para enfraquecer alguém do que a infelicidade. Mutilados, incompletos, sofridos, buscando sempre a metade perdida e,quase sempre, equivocando-se neste busca, o homem vive o drama da incompletude, deixando, assim, de ser uma ameaça para os imortais.
Esta questão passou a ser discutida no meio espírita depois que Emmanuel , em seu romance Há Dois Mil Anos, psicografado por Francisco Cândido Xavier trouxe esta questão à baila com o nome de Alma-gêmea. No romance, a personagem Lívia, esposa do protagonista seria a sua alma-gêmea. A discussão não chegou, felizmente, a ser um problema sério que pudesse causar divisões no meio espírita. Houve apenas pessoas que não concordavam que pudessem haver espíritos que completasse um ao outro a ponto de serem almas- gêmeas. O que Allan Kardec tem a nos dizer sobre esta questão?
A resposta se encontra no volume I da Revista Espírita do seguinte modo: Um homem viveu com sua esposa por muitos anos e, depois da desencarnação desta, conseguiu um contato mediúnico com ela. Nessa oportunidade, ele lhe perguntou se ela era a sua metade eterna. A mulher respondeu que não e que o espírito com que ele possuía maior afinidade estava encarnado na terra, vivendo, no Oriente, duras experiências.
O homem ficou muito abalado com o que ouvira porque, certamente, não estava esperando uma resposta como aquela uma vez que, enquanto viveram casados na terra, se amavam e se respeitavam. Assim, escreveu para Allan Kardec, pedindo esclarecimentos sobre a questão. Kardec responde ao missivista na Revista Espírita depois de ter consultado o Espírito que, na terra foi o Rei da França e canonizado como São Luiz e os espíritos Abelardo e Heloísa, casal conhecido por sua tragédia amorosa.
A resposta dos espíritos consultados a respeito da existência de almas-gêmeas foi negativa. Firmaram eles que os espíritos são criados individualmente e não aos pares. Falam, porém, em simpatias e afinidades que pode haver entre os espíritos, estreitando entre eles laços amorosos. Assim a expressão alma-gêmea deveria ser entendida como um figura de linguagem, uma metáfora que expressaria mais fortemente uma relação entre espíritos com grande afinidade.
A proposta de Jesus é que amemos uns aos outros como a nós mesmos,que repartamos igualmente nosso amor uns com os outros e a teoria das almas gêmeas possui um caráter demasiadamente exclusivista e,sendo assim, não seria adequada para quem acredita na promessa do Cristo de que, um dia,haverá um só rebanho e um só pastor.
Última Atualização ( 26 de fevereiro de 2007 )
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