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quinta-feira, 20 de março de 2008

Gravação revela esquema


Gravação revela esquema para livrar deputado em depoimento

Na gravação, Sivuquinha (E) diz ao servidor Pedro Ricardo Queiroz que, em seu depoimento, não falaria nada que pudesse prejudicar Tucalo (D). Foto: Carlos Rosa / Agência O DiaRio - Escutas telefônicas feitas pela Polícia Civil, com autorização da Justiça, revelam um jogo de cartas marcadas para tentar inocentar um dos deputados acusados de nomear funcionários fantasmas em seu gabinete na Assembléia Legislativa do Rio. Trechos de gravações a que O DIA teve acesso com exclusividade mostram o ex-diretor do Departamento de Documentos Parlamentares da Alerj, Renato Sivuca Ferreira, o Sivuquinha, combinando com o chefe de gabinete do deputado Tucalo Dias (PSC), como seria seu depoimento no Conselho de Ética da Casa.

O envolvimento de Tucalo, que está em seu primeiro mandato como deputado e é pré-candidato à Prefeitura de Maricá, foi revelado por O DIA. Em levantamento no Diário Oficial do Legislativo, a reportagem descobriu a existência de seis funcionários fantasmas em seu gabinete. Uma era a dona-de-casa Ruth Martins Conceição, que teve até um filho inventado pela quadrilha, para aumentar o lucro com a fraude no auxílio-educação.

Na gravação, feita às vésperas do depoimento, Sivuquinha aparece tentando tranqüilizar o servidor Pedro Ricardo Queiroz. Diz que não fará nenhuma revelação que possa vir a prejudicar Tucalo. Na mesma ligação, Sivuquinha pede a Pedro — filho do prefeito de Maricá, Ricardo José Queiroz da Silva (PMDB) —, que dê o recado ao parlamentar, para que ele se acalme.

A gravação também mostra Sivuquinha orientando Pedro para que ele não deixe Tucalo dar mais nenhuma declaração à imprensa sobre os ‘fantasmas’. As gravações foram encaminhadas para o Ministério Público, que está investigando o caso.

Conforme o combinado, o ex-funcionário da Alerj — exonerado após as denúncias sobre seu envolvimento no esquema de contratação irregular de funcionários fantasmas para fraudar o auxílio-educação na Casa — tentou proteger o parlamentar o quanto pôde em seu depoimento. Mesmo tendo sido apontado por Tucalo como sendo o responsável pelas nomeações fraudulentas encontradas em seu gabinete, Sivuquinha se limitou a dizer que nunca tinha conversado com o deputado sobre o assunto.

ACUSAÇÃO A SIVUQUINHA

Tucalo não amenizou as acusações contra Sivuquinha. Em seu depoimento no conselho, ele afirmou que todas as nomeações irregulares foram feitas a pedido de Sivuquinha. Segundo o parlamentar, o ex-funcionário da Alerj, que é filho do ex-deputado Sivuca, teria alegado que as nomeações eram, na verdade, um pedido de seu pai. E que, por isso, teriam sido atendidas tanto por ele quanto pelo deputado Délio Leal (PMDB). Ex-corregedor da Casa, Délio também está sendo investigado pelo Conselho de Ética.

O conteúdo das conversas telefônicas gravadas pela polícia, porém, mostram que a relação entre Sivuquinha e Tucalo era muito mais próxima do que a admitida pelo deputado.

Vítimas mudam versões diante do MP

A pressão sobre vítimas do golpe do auxílio-educação na Alerj pode estar surtindo efeito. As irmãs Arlete e Liete da Conceição Martins, duas das mulheres humildes com muitos filhos que foram nomeadas sem saber no gabinete da deputada Renata do Posto (PTB), mudaram suas versões dos depoimentos no Conselho de Ética, dia 7, e no Ministério Público estadual, segunda-feira. Ontem a parlamentar chorou várias vezes enquanto falava aos colegas do conselho.

As duas irmãs ficaram dois dias no hotel do secretário de Turismo de Guapimirim, Lenir de Resende Sobreira, dias antes de falarem ao MP. O prefeito da cidade é Nelson do Posto, tio de Renata. Quando a polícia foi apurar a denúncia de cárcere privado, Arlete e Liete disseram que estavam no local por livre e espontânea vontade. No dia em que foi visitada pelo conselho, Arlete revelou que ganha R$ 350 e que não tinha como comprar comida para os seis filhos. Ao MP, afirmou que recebe cerca de R$ 2.500 no gabinete de Renata.

Dizendo-se vítima de perseguição política, Renata tentou culpar assessores pelas contratações dos ‘fantasmas’. Ao mesmo tempo, recusou-se a julgá-los. Também aguardada para depor, Jane Cozzolino (PTC) faltou de novo alegando motivos médicos. Seu depoimento ficou para segunda-feira.

“Quem trouxe a mim os nomes foi o Frederico Schroll. Deixo disponível o que a comissão precisar para apurar os fatos”, declarou a deputada, referindo-se a seu chefe de gabinete — apontado como aliciador.

A deputada tentou justificar a confiança em seu chefe de gabinete, que só foi afastado das funções semana passada, mais de um mês depois do escândalo. Segundo ela, as indicações eram políticas. Renata disse desconhecer 15 dos 17 ‘fantasmas’ nomeados em seu gabinete para, segundo as investigações, fraudar o benefício.

“É uma negligência imperdoável não ter nenhum conhecimento sobre 30% dos funcionários de seu gabinete”, disse o corregedor da Alerj, Luiz Paulo (PSDB). As únicas duas funcionárias que Renata diz conhecer são justamente Arlete e Liete.

FRAUDES: ROMBO DE MAIS DE R$ 3 MILHÕES NOS COFRES ESTADUAIS

Levantamento feito por O DIA, com base nas informações passadas pelo Conselho de Ética da Alerj sobre o número de auxílios-educação fraudulentos pagos pela Casa, mostra que o esquema gerou rombo de mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos do estado.

Desde que a fraude foi descoberta, nove deputados e um parlamentar que está licenciado já foram denunciados. Todos estão sendo investigados pelo conselho e pelo Ministério Público. Se for confirmado o envolvimento deles com a quadrilha responsável pela fraude, todos poderão perder o mandato.

Entre os parlamentares denunciados estão: Álvaro Lins (PMDB), Délio Leal (PMDB), Edino Fonseca (PR), Jane Cozzolino (PTC), João Pedro (DEM), João Peixoto (PSDC), Marcelino d’Almeida (DEM), Marco Figueiredo (PSC), Renata do Posto (PTB) e Tucalo Dias (PSC).

O esquema foi descoberto após investigações feitas pela Delegacia de Defraudações (DDEF), que recebeu a denúncia de uma dona-de-casa que havia sido nomeada para um cargo comissionado na Alerj sem saber. O nome da dona-de-casa foi usado por aliciadores do esquema para abrir conta em banco e obter empréstimos em instituições financeiras.

20/3/2008 - Mahomed Saigg - ODia-online -

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