A FILA DO
LEITE
Leo Cinezi (@cinezi.com.br)
30/09/2014
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Para: @hotmail.com
@cinezi.com.br
Olá irmão.
Envio este texto que escrevi no
dia 13/09/2007.
Mas, ainda está atual, para minha
tristeza... Justamente por ser atual ainda, significa que nada ou muito pouco
eu fiz para contribuir com uma possível mudança nestes últimos 7 anos...
Lamento muito por ter
decepcionado não só você, meu irmão, como a mim mesmo.
Espero mesmo que eu não faça o
mesmo no próximo setênio.
Aceite meu sincero e amargurado
T.´.F.´.A.´.
VaLEO
Leo Cinezi
ARLS Barão de Mauá – 748
Oriente de São Paulo
GLESP
Fila do Leite
Vinte e poucos anos atrás, lembro-me bem de quando as padarias (que na
época eram as únicas que vendiam pães) tinham filas enormes. Não me recordo
exatamente o porque mas se faz em minha mente aquela fila sem fim que durava
pouco mais que duas horas.
Abria as 5h00 da manhã e já perto das 7h00 não havia mais ninguém na
fila. Era uma briga só. Famílias e amigos se enfileiravam para tentar pegar um
litro de leite. O leite estava racionado. Um litro por pessoa.
Por sorte (ou azar) em nosso bairro haviam duas padarias, portanto
aqueles que conseguiam pegar seu primeiro litro de leite, corriam para a outra
padaria para tentar comprar o segundo.
Como disse, famílias saiam juntas e até mesmo as pequenas crianças
ficavam na fila como se não fizesse parte daquela família para comprar mais
litros de leite. O medo da escassez era incomensurável. Até calorosas
discussões ocorreram, pelos ânimos exaltados daqueles que tinham que
permanecer, como o gado, em fila.
Uns achavam certo, outros errado. Alguns queriam mais, outros compravam
apenas um.
Eu, criança, já tinha meus questionamentos.
Uma vez, lembro que fui intimado a permanecer na fila, pois já tinha
condições de carregar um litro de leite. Meu pai me pediu. Recusei. Não porque
tinha que madrugar e ficar em fila antes mesmo da padaria abrir, mas por não
acreditar que ali, resolveríamos algum problema.
Tinha alguma lei que não permitia a compra de mais de um litro por
pessoa. Os adultos achavam esta lei no mínimo ingênua, pois poderiam facilmente
sair dali e ir comprar outro leite em outra padaria.
Uma vez, um amigo inglês de nome Charles e que nós chamávamos de Carlos,
que morava perto de minha residência, me disse, com seu sotaque enrolado:
- Só os brasileiros fazem isso!
Retruquei:
- Isso o quê?
- Burlar a lei desta forma! Um inglês nunca
faria isso.
Poxa! Aquilo ficou em minha mente por anos. Brasileiros têm uma
facilidade de burlar as leis. Houve uma vez que ouvi um jovem senhor reclamar
que a lei ingênua. Ele mesmo, comprava leite na padaria A e depois partia
rapidamente para a padaria B para adquirir mais um saco do composto a base de
lactose.
Impressionante! Brasileiro e “seu” jeitinho. Sempre encontrando uma
maneira de passar por cima do que lhe incomoda. Mesmo que isso traga sequelas a
outrem.
O Carlos (inglês), me disse que em seu país,
a cultura e educação trariam um problema destes com outra ótica. Lá, os
cidadãos colaborariam com os demais e cada um pegaria seu único litro de leite
lembrando que se pegassem mais de um, faltaria um para outro cidadão.
Não é vergonha nenhuma colaborar com o
próximo. Ainda por cima, colaboram com uma escassez que pode atingir a todos,
vendo o problema no macro e não resolvendo seu micro umbigo.
Agora, sei que o Charles foi iniciado na
maçonaria em seu (dele) país, mas isso não é mérito ou exclusividade de maçom.
É uma questão cultural. É a educação daquele povo. São cidadãos de uma mesma
nação. Colaboram uns com os outros. E são estas pequenas diferenças que hoje me
fazem pensar.
Aqui, infelizmente, o povo ignorante tem
direito a voto e coloca seus representantes sem sequer compreender o que estão
fazendo. Evitam com isso estas filas para o leite, pois aquele em que votou tem
condições de facilitar a importação de leite, quando nossos produtores
brasileiros sofrem com a falta de atenção de nossos dirigentes que fabricam uma
carga tributária astronômica impossibilitando de terem um produto com o mesmo
preço.
A máquina nos traz à falência. Nossos
representantes esquecem-se de nós. E, com suas manobras e conchavos permitem
que até o mais descarado dos contraventores seja absolvido quando aviltam a
possibilidade deste ser excomungado da política.
O Carlos também me mostrou a
honra que é colaborar, sem que ninguém precise fiscalizar você. A nobreza em
sentir-se bem com a honestidade. Lembro da analogia do pai e filho que foram
pescar.
Foram pescar para próprio
consumo. Quando conseguiram pescar o primeiro peixe, já de madrugada, havia
passado 15 minutos da temporada de pesca. A partir dali (15 minutos atrás) a
pesca era proibida. Só viram isso após retirarem o peixe das águas.
O filho perguntou:
PAI, vamos ficar com ele né?
E o pai disse:
Não filho, devolva-o para a água.
Já não mais podemos pescar. Vamos embora.
O filho insistiu... Ninguém tá
vendo pai. Vamos levá-lo.
E o pai:
Não filho... É justamente na hora
que ninguém está vendo que você pode mostrar quem você é de verdade!
EU VOTO!
E lembro bem disso.
Nas próximas eleições, meu
candidato será eleito. Certeza. E, por maioria dos votos.
Escrito por um Brasileiro – Com
“B” Maiúsculo!
Leo Cinezi
Fazendo... Por que já tem muita gente falando...
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