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O GRITO DA JUÍZA
Antonio Dias Adv-A
05/11/2014
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sander barreto, RAUL ANTONIO CUNHA CRESPO, Creis
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De: Ney Fonseca <neyfon@redelagos.com.br>
Data: 3 de novembro de 2014 17:27
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Assunto: Fwd: CMRJ
63 Fwd: O GRITO DA JUÍZA
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Data: 31 de outubro de 2014 13:51
Assunto: CMRJ 63 Fwd: O GRITO DA JUÍZA
Sent: Friday, October 31, 2014 10:29 AM
Subject: *** SPAM ***Fwd: CMRJ 63 Fwd: O GRITO DA JUÍZA
REPASSANDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
TIREM AS SUAS
CONCLUSÕES
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QUEM RECEBE BOLSA FAMÍLIA NÂO
DEVE VOTAR!
EXCELENTE
PARECER!
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O Grito da Juíza! Bolsa
Família ou Voto de Cabresto?
SEJAMOS DIGNOS E REALISTAS: VAMOS FAZER UMA
CAMPANHA PARA COMEÇAR A MORALIZAR E FAZER PROGREDIR DE FATO E PARA VALER ESSA
JOÇA DE PAÍS EM QUE VIVEMOS
JUIZA DE CAJAZEIRAS É
CONTRA O ‘BOLSA-FAMÍLIA’ E DIZ POR QUÊ!
Apenas a título de esclarecimento, aos
que respeitam opiniões contrárias, e apenas a esses, é que escrevo agora. Fui
alvo de críticas e agressões acerca de minha opinião avessa ao ‘Bolsa-Família,
programa criado pelo Governo Federal há 10 anos. Grande parte optou por uma
justificativa simplista:
-
“Ah, ela é rica, juíza, elite, fala porque nunca passou necessidades, nunca
passou fome...”. Pronto! Essa justificativa encerra a questão e resolve o
problema. É uma idiotia de quem nada sabe sobre a vida.
Apenas
a título de informação saibam que não sou rica, nunca fui e nunca serei.
Meu salário é bom, e com ele, se Deus quiser,
nunca passarei fome nem necessidade, mas lutei por ele; e como lutei! Sofri, estudei,
trabalhei e lutei, repita-se. Mas isso é outra estória que em outro momento, se
interessar a alguém, posso contar.
Contudo, existem outros motivos que
levam as pessoas a formarem suas opiniões que não necessariamente as suas
condições financeiras. Nunca passei fome, graças a Deus, graças ao trabalho de
meus pais, mas, da mesma forma que nunca faltou, também nunca sobrou.
Trabalho desde os 18 anos de idade, quando me submeti
a concurso público e fui ser funcionária pública, trabalhar oito horas diárias
e ganhar menos do que um salário mínimo, apesar da Constituição
Federal já vedar tal conduta. Mas como já disse, isso é outra estória.
O final de semana que passou retrata
exatamente um dos fatores que me levam a formar a opinião que tenho. Um simples
“boato” de que o ‘Bolsa-Família’ iria acabar, foi suficiente para causar um
caos em várias agências da Caixa Econômica Federal. Uma pessoa me disse que
teve que pedir dinheiro emprestado para sair do seu sítio para
receber o ‘bolsa-família’, “antes que acabasse”...
A
pergunta é: de que viveriam essas pessoas, se o ‘bolsa-família acabasse? A minha resposta: passariam ainda mais fome
do que tinham quando começaram a recebê-lo. E sabem por quê? Porque agora, com a certeza do “benefício”, do óbolo,
elas não se propõem mais a trabalhar, ou a estudar e se profissionalizar.
Enfim. Estão escravizados à merreca que recebem, como qualquer dependente
químico da droga que consomem.
É a isso que me oponho.
É a isso que me oponho.
Quando
esse “programa social” foi implantado a situação das pessoas era caótica,
lastimável. Hoje elas
estão sendo tratadas como inúteis, como incapazes. A partir do momento em
que se implanta um ‘programa assistencialista’ como esse, sem uma política
paralela de reestruturação, de capacitação para o restabelecimento de condições
de trabalho, de autossustento, enfim, de busca por uma atividade que traga um mínimo
de independência como contrapartida pela ajuda oferecida pelo estado, ou esse
estado passa a considerar essas pessoas como
não tendo capacidade alguma para tal ou, simplesmente, não se está querendo
ajudar, mas tão somente escravizar, ou seja, obter delas a única coisa de valor
que têm a oferecer: o seu voto – e a preço módico. É no que acredito.
A ONU, embora, por um lado, elogie o
programa, por outro critica o assistencialismo populista e demagógico com o
consequente apelo político que ele gera. Segundo essa organização
internacional, o ‘bolsa-família’ – que antes era chamado de ‘bolsa-escola’ e
exigia a contrapartida das crianças e adultos analfabetos estarem cursando o
ensino fundamental – rendeu muita popularidade e votos, mas as DESIGUALDADES
continuam elevadas e os progressos obtidos são pífios.
Como
programa de caráter EMERGENCIAL, o ‘Bolsa-Família’ foi importante, mas onde
está a tão decantada “inclusão socioeconômica” sustentável dos seus
beneficiários?
O
saudoso Luiz Gonzaga já dizia em uma de suas canções, de composição com Zé
Dantas:
–
“Seu Doutor,
uma esmola para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o
cidadão...”.
É
nisso que acredito desde muito antes de me tornar Juíza.
A Coordenadora do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil afirmou que, da forma que o programa funciona, não tem sido útil para ela identificar e retirar as crianças do trabalho e que esse programa não tem impacto nenhum na redução do trabalho infantil.
A Coordenadora do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil afirmou que, da forma que o programa funciona, não tem sido útil para ela identificar e retirar as crianças do trabalho e que esse programa não tem impacto nenhum na redução do trabalho infantil.
Vejam
a entrevista de Frei Beto (que não é juiz, mas apenas um ex-clérigo e
doutrinador comunista), um dos líderes do ‘Fome Zero’ – outro programa
assistencialista caça-votos – e me digam o que acham.
O programa existe há dez anos e pouquíssimo
foi mudado na vida dessas pessoas. O que foi feito de efetivo para reestruturar
essas famílias?
Visitem as casas dessas pessoas e me digam o quanto
mudou! Enquanto apresentam índices de redução de evasão escolar, em razão do
que era o ‘Bolsa-Escola’, os adolescentes que passam hoje pela Vara que ocupo não sabem a data de seus nascimentos, não sabem o seu
nome completo, não sabem o nome de seus pais e, pasmem, não tem a menor ideia
de seus endereços. Que noção de civilidade esses meninos tem? Esses mesmos
meninos que agora estão querendo jogar na prisão!?!
Quem
ou o QUÊ vai dar essa noção de civilidade, se um programa SÉRIO de educação,
capacitação, dignificação das pessoas não começar a ser ativado imediatamente?
O ‘bolsa-família não dignifica. Escraviza.
Vicia no ócio. É o que acho.
As pessoas se tornam escravas da vontade
política e não formadoras dessa vontade. E isso para mim é um FAZ-de-CONTA,
sim.
Não disse que a Presidente é uma faz-de-conta. Disse que o Brasil é um País de faz-de-conta.
Não disse que a Presidente é uma faz-de-conta. Disse que o Brasil é um País de faz-de-conta.
Defender
a redução da maioridade penal é um exemplo disso. Defender a pena de morte
também. Fazem de conta que isso vai resolver a criminalidade, mas não vai.
Da
mesma forma que fazem de conta que cumprem o ECA, que existe há mais de vinte
anos, não o cumprem. Nunca o cumpriram.
Como eu posso cobrar algo de alguém a quem
eu nunca dei a chance que produzisse esse algo? As pessoas não podem viver de
esmolas. Precisam aprender a andar com as próprias pernas e precisam saber que
isso é da responsabilidade delas também.
É
dever dos Governos Federal, Estadual e Municipal prover as condições de
escolaridade que dê aos cidadãos a capacidade mínima de escolher seus meios de
vida e seus dirigentes e representantes sem que isso dependa de uma esmola sine
qua non e que as pessoas possam seguir com suas vidas na dignidade que cada
profissão oferece, porque todas elas a têm.
Vejo mulheres jovens e saudáveis pedindo dinheiro nas
ruas. Cada uma com seus três ou quatro filhos. Mas nenhuma pede um emprego. Por
quê?
Os senhores tem ideia de quantos cartões
desse programa estão nas famosas “bocas de fumo”?
Vejo homens jovens e saudáveis nas
portas dos bares ou papeando nas esquinas em pleno dia da semana. Porque não
estão trabalhando?
Qual o trabalho que as políticas
públicas oferecem ou a simples, mas fundamental capacitação para eles?
É
certo que existem alguns programas profissionalizantes. Mas são tímidos,
limitados, e não recebem a milésima parte do investimento que o programa de
“caridade” gasta, com essa barganha evidente to “toma lá e dá cá o seu voto”.
Ao
quê isso vai nos levar, senhores? Ao quê nos levou até agora? Como estão essas
pessoas? Sem fome? Tem certeza que R$ 130,00 (cento e trinta reais) realmente
mata essa fome? Piada de humor negro...
Não sou contra partido político algum.
Sou contra políticas públicas inúteis, mal intencionadas e danosas ao futuro da
nossa gente e nação. Sou e serei sempre.
É
a minha opinião senhores.
Respeitem-na.
Discordem dela, mas a respeitem. E não sejam tão simplistas assim. As coisas
não são simples e não podem ser “explicadas” dessa forma populista e demagógica
como tem sido a prática dos governos na última década, principalmente por quem
não me conhece.
O homem precisa ser dignificado e não escravizado ou
comprado por aparentes favores de seus governantes. As pessoas continuam sofrendo
com a seca... Absolutamente TODAS AS PESSOAS, TODOS OS ANOS, HÁ DÉCADAS. E o
que foi feito da política de irrigação, da política que permaneça que se
perpetue e que de fato transforme a vida do sertanejo do nordeste, onde – todo
mundo sabe, menos o governo – a água está no subsolo e não na superfície?
É contra isso que sou. Sou nordestina
com muito orgulho e me sinto humilhada com notícias tais como as divulgadas no
Jornal Nacional mostrando pessoas “famintas” na porta do Banco para receberem
suas migalhas governamentais.
Não
precisamos disso. Somos inteligentes e capazes. Temos força e vontade de
trabalhar. Só precisamos de oportunidades e onde elas estão? Onde está a água
das chuvas do ano passado?
Bem.
Não sei se melhorei muito a situação. Mas, se piorei, não foi essa a minha
intenção. Precisava apenas explicar os meus motivos.
Aos
que me criticaram com decência, fico com as críticas para refletir sobre elas
na construção de minhas opiniões futuras.
Aos que apenas me agrediram gratuitamente, fico com a dor que me causaram e com o consolo de que o tempo cura quase tudo. Aos que perderam alguns minutos de suas vidas para lerem essa minha resposta, agradeço a atenção.
Aos que apenas me agrediram gratuitamente, fico com a dor que me causaram e com o consolo de que o tempo cura quase tudo. Aos que perderam alguns minutos de suas vidas para lerem essa minha resposta, agradeço a atenção.
A
todos, reafirmo: esta é a minha opinião. Não a de uma Juíza, mas a de uma mulher que quer muito mais do
que ESMOLAS para o cidadão brasileiro e, principalmente, para os jovens
adolescentes.
Que
Deus esteja conosco!
Cajazeiras – PB, Adriana Lins de
Oliveira Bezerra
Juíza de Direito, Eleitora, e Cidadã
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